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O Paraná tem o pior índice de coleta de esgoto e fossa séptica entre os estados das regiões Sul e Sudeste do país, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) 2005, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estado, 68,5% dos domicílios têm rede coletora de esgoto ou fossa séptica – nos vizinhos Santa Catarina e São Paulo, por exemplo, esta porcentagem sobe para 82,6% e 93,1%, respectivamente.

A situação dos municípios paranaenses fica inclusive abaixo da média nacional, que é de 69,7% de residências com fossa séptica ou rede de coleta. Nas contas da Pnad, quase um milhão de domicílios paranaenses (981.164 precisamente) não têm qualquer tipo de coleta ou armazenamento dos resíduos sanitários. Em 2004, de acordo com mesma pesquisa do IBGE, o índice de residências com coleta de esgoto ou fossas era de 67,5%.

O fato do Paraná ser um estado agrícola e com mais cidades novas do que os vizinhos do Sul e Sudeste pode ser um dos motivos que o coloca em pior situação na pesquisa, avalia o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná, Eduardo Gobbi. "Mas esses dados podem ter a interferência da metodologia da pesquisa e distorcer um pouco a realidade. Em Santa Catarina, por exemplo, é muito freqüente a existência de ligações irregulares, que lançam o esgoto diretamente na galeria de água pluvial. Não acredito que mais de 80% das casas do estado estejam ligadas a uma rede de esgoto ou tenham fossa séptica", pondera.

O diretor do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Mello Garcias, também é um tanto incrédulo na avaliação dos resultados da Pnad para o saneamento. "Realmente existe um problema de falta de saneamento no Paraná, mas a situação não é muito diferente em outros estados. A informação da Pnad serve de alerta, mas considerando os dados apresentados pelos outros estados não tem um índice muito confiável", diz ele.

A dúvida do especialista está na maneira como é feita a pesquisa, que se baseia em entrevistas com os moradores dos domicílios da amostra. "As pessoas que fazem a abordagem da população dominam bem os conceitos que estão tratando e explicam para os entrevistados. A entrevista é dirigida de forma que seja o mais fiel possível da realidade. Além disso, são usados parâmetros para medir e trabalhar possíveis distorções nas respostas", informa o analista do IBGE, Luís Alceu Paganotto.

"As condições sanitárias, há 15 anos, eram muito ruins. Nos últimos anos tivemos alguns avanços, mas a coleta de esgoto é um processo lento e que exige muito investimento, as mudanças acontecem a médio prazo, não de um ano para outro", afirma Gobbi. A coordenadora do Núcleo de Estudo de Políticas Públicas do Ipardes, Maria Luíza Lopes Dias, aponta um crescimento de 20,2% entre 2002 e 2005 no número de domicílios com esgoto adequado(rede de coleta ou fossa séptica) no Paraná. O índice, segundo ela, é favorável, tendo-se em conta que, no mesmo período, o total de domicílios no estado aumentou 7,2%. "Está longe do ideal, mas está andando."

Problemas

Não é preciso sair de Curitiba para encontrar problemas graves de falta de saneamento básico. Na área de invasão Terra Santa, no bairro Tatuquara, dezenas de famílias vivem, literalmente, em cima do esgoto e do lixo. "A gente até tenta fazer com que as crianças não entrem nas valetas, mas elas brincam de pular de um lado para outro e volta e meio afundam no esgoto. Hoje está tudo seco, mas quando chove, tem casa que fica pela metade na água", diz a lavadeira Maria de Fátima Pedroso, 46 anos, mãe de três crianças.

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