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Francisco Mendonça diz que a doença nunca encontrou condições tão favoráveis como agora | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Francisco Mendonça diz que a doença nunca encontrou condições tão favoráveis como agora| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Prevenção

Alerta constante é a melhor arma contra o mosquito

Para evitar o avanço da doença, várias ações estão sendo desencadeadas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, como o acompanhamento dos municípios, envio de equipes, realização de testes rápidos e capacitação nos serviços de saúde. Os cuidados têm de ser constantes, mesmo em municípios com poucos registros da doença.

Em Curitiba, por exemplo, cinco casos foram registrados em 2013 (nenhum deles autóctones), mas o alerta permanece porque quatro focos do mosquito já foram encontrados nos bairros Jardim Botânico, Tatuquara e Abranches.

Para evitar a contaminação, agentes da prefeitura fazem inspeções rotineiras. A população deve ficar atenta a locais com água parada e, caso perceba o risco, entrar em contato com a prefeitura pelo telefone 156 para a eliminação do foco.

"A principal orientação é que o cidadão cuide do seu ambiente e fique atento ao que está acontecendo nos vizinhos porque a dengue não escolhe endereços", aconselha Rita Franz, coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue de Curitiba. (BMW)

R$ 4,2 milhões

em repasses do Programa de Qualificação da Vigilância em Saúde (VigiaSus) serão antecipados pelo governo do estado a 32 municípios com altos índices de incidência da doença e de infestação do mosquito, localizados nas regiões Norte e Oeste. Entre as beneficiadas, Cascavel vai receber o maior valor – de R$ 466,6 mil –, seguida por Maringá e Londrina, que terão R$ 452,2 mil cada uma. Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde Sezifredo Paz, os valores levam em conta a população, critérios epidemiológicos e índice per capita dos municípios. O dinheiro repassado poderá ser usado para contratações emergenciais, material informativo, aquisição de testes rápidos, entre outros.

O alto índice de infestação por dengue em janeiro, o primeiro caso residente do sorotipo quatro da doença e o clima propício à reprodução do mosquito Aedes aegypti têm deixado pesquisadores e gestores em alerta sobre o risco de uma epidemia no Paraná neste primeiro semestre. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 1.269 casos da doença foram registrados de agosto de 2012 até agora, dos quais 602 apenas na última semana. Cinco municípios, que concentram 80% dos casos, estão em situação de epidemia: Peabiru e Fênix, ambos na Região Centro-Oeste, e São Carlos do Ivaí, Japurá e Paranavaí, no Noroeste.

"Nunca tivemos no Pa­­raná, no começo de janeiro, a situação de epidemia em cinco cidades e a entrada do sorotipo quatro", obser­­va o coordenador do Labo­­ratório de Climatologia da Uni­­versidade Federal do Paraná (UFPR), Francisco Mendonça. Ele pesquisa a doença desde 1993, quando foram confirmados os pri­­meiros casos autóctones (contraídos dentro do próprio estado), e diz estar temeroso de uma "fortíssima epidemia de dengue".

A incidência da doença no estado é de 11,25 casos por 100 mil habitantes, considerada baixa pelo Ministério da Saúde. No entanto, o número de casos autóctones confirmados está em ascensão: foram 1.174 registros de agosto de 2012 até agora, contra 272 no mesmo período de 2011 e 2012 – um crescimento de 331,6%. Segundo a Sesa, a alta se deve à antecipação do momento epidêmico, com o aumento de casos no segundo semestre de 2012, ao contrário do que ocorreu em 2011.

Mendonça observa que, historicamente, o período de novembro a janeiro costuma ser de chuvas intensas, situação na qual o mosquito da dengue não sobrevive. Dessa forma, normalmente a epidemia ocorre no estado entre meados de fevereiro a meados de abril, quando o calor se soma a chuvas intermitentes, situação que acabou sendo antecipada.

Preocupação

O infectologista José Luiz de Andrade Neto, professor da UFPR e da Pontifícia Universidade Católica do Pa­­raná (PUCPR), explica que a chegada do novo sorotipo gera preocupação porque a população fica totalmente vulnerável. "Quando você tem a introdução de um novo sorotipo, passa-se a ter uma nova doença. É como se você tivesse ampliado o leque da doença, porque vai haver uma população suscetível a ela", diz.

O que também preocupa é o crescente índice de infestação, calculado por meio do levantamento de larvas do mosquito. "Temos constatado nos últimos levantamentos o aumento da infestação de maneira significativa", diz o superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, Sezifredo Paz. Em Londrina, por exemplo, o índice está em 8%, o pior já registrado desde 1998.

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