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Origem da cocaína apreendida na Europa |
Origem da cocaína apreendida na Europa| Foto:

A apreensão de 3,8 toneladas de cocaína no Terminal de Contêineres de Paranaguá, na última quinta-feira, revela as novas faces do tráfico internacional de drogas. De acordo com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (Unodc), 64% da cocaína apreendida na Europa no ano passado foi interceptada no mar, seja em grandes navios ou em barcos menores. Atualmente, 220 milhões de contêineres circulam mundialmente a cada ano e apenas 2% desse total passa por fiscalização.

A situação não deve se amenizar. A previsão de Ketil Ottersen, coordenador Sênior da Unidade de Segurança, Crime Organizado e Combate à Lavagem de Dinheiro do Unodc, é de que esse número dobre até 2012.

"Todo porto é hoje em dia uma rota possível para o tráfico de drogas. Se apertamos em determinado lugar, eles migram para outro", diz o delegado da Polícia Federal Wágner Mesquita de Oliveira, que participou da apreensão de cocaína em Paranaguá.

No terminal de contêineres, o sistema de raio-X não flagrou a cocaína envolta em pallets de madeira. "A densidade foi parecida. Se não tivéssemos a denúncia, não teríamos pegado."

As 3,8 toneladas apreendidas em Paranaguá constituem a segunda maior apreensão em território brasileiro. Uma semana antes, 1,2 tonelada da droga foi descoberta nos mesmos moldes e com a documentação da mesma empresa no Porto Constanta, na Romênia.

A ligação dos portos brasileiros com o Leste Europeu já é outra realidade para quem combate o tráfico de drogas. Além de contarem com um mercado consumidor ainda a ser explorado, os antigos países comunistas contam com uma fiscalização bem menos eficiente do que a dos vizinhos da Europa Ocidental.

Fatores locais

Não são apenas as questões globais que influenciam na dinâmica do tráfico de drogas. O endurecimento ao tráfico na Colômbia e a vigência da Lei do Abate no Brasil mudaram também a postura dos traficantes sul-americanos. Documento da Unodc de 2006 sobre a estrutura do tráfico já dava conta da importância dos portos para os traficantes. Diz o documento: "Uma rota alternativa a partir dos países produtores de coca para o sul do Brasil tem sido cada vez mais usada desde que a lei que permite o abate de aviões no espaço aéreo brasileiro passou a vigorar.

Nessa rota, a cocaína normalmente é transportada da Colômbia para a Bolívia por via aérea, depois da Bolívia para o Paraguai, antes de entrar no Brasil em caminhões que usualmente carregam de 200 a 300 quilos de droga. A cocaína vinda por esse trajeto destinada ao tráfico internacional tende a acabar em portos do sul, como Santos, no estado de São Paulo, ou Paranaguá, no estado do Paraná, onde grandes quantidades são escondidas em meio a cargas em navios comerciais.

Para o atual secretário antidrogas da prefeitura de Curitiba e ex-delegado da Polícia Federal, Fernando Francischini, o Paraná está especialmente propício a sentir os efeitos desses fatores. "Nossa posição geográfica é um prato cheio para os traficantes. Temos uma grande fronteira com o Paraguai, muito difícil de ser fiscalizada e temos um porto muito movimentado do outro lado", diz o delegado.

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