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Um ano após as denúncias de maus-tratos a moradores de rua de Paranaguá, no litoral do estado, a prefeitura da cidade ainda não encontrou uma solução. Segundo o prefeito José Baka Filho, funcionários que atuam em órgãos de assistência e promoção social no município "não querem se envolver no problema", devido à repercussão causada pelas denúncias de maus-tratos por parte da Guarda Municipal, no ano passado.

Com a falta de atuação do poder público, o número de moradores de rua cresceu neste ano. Em dezembro de 2006, a prefeitura cadastrou 46 moradores de rua. Atualmente, a cidade registra um número aproximado de 100 pessoas nessas condições, segundo estimativa da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social.

Um projeto para resgatar essas pessoas das ruas, idealizado com apoio de vários setores da comunidade logo após as denúncias, está com suas ações de abordagem na rua paralisadas há quatro meses. "É um projeto que funciona. Mas não dá para ir até aos moradores de rua, porque o veículo está na oficina pela segunda vez", disse o prefeito Baka. "Primeiro, o carro quebrou e ficou na oficina dois meses e, logo em seguida, quebrou de novo. Na semana que vem, ele já vai estar na rua. E que Deus me ouça para que não quebre de novo."

O objetivo do projeto que está paralisado é encaminhar os moradores de rua ao albergue e fornecer passagens para quem quiser deixar a cidade. "Damos em média oito passagens por mês", revelou Rosane. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, R$ 80 mil são investidos por ano na manutenção do albergue. O prefeito Baka disse que há uma preocupação com a inclusão social dessas pessoas, mas não apontou nenhum programa específico com esta finalidade.

Reclamações

Enquanto isso, comerciantes estão desolados com o cenário no centro histórico da cidade. Grupos de moradores de rua se reúnem nos bancos da praça para consumir drogas e bebidas alcoólicas. Até barracas são montadas na praça próxima ao mercado de peixe. "Eles incomodam os turistas que vêm ao restaurante e muitas vezes acabam riscando os carros quando não recebem dinheiro", disse um comerciante que pediu para não ter a identidade revelada.

"Qualquer coisa agora, a gente denuncia no Ministério Público", afirmou João Salvador dos Santos, 54 anos, que pede dinheiro em frente do terminal rodoviário. "A gente até apareceu no Fantástico", disseram outros mendigos, enquanto dividiam os goles de uma garrafa de cachaça.

Escalado para trabalhar naquele setor, o guarda municipal Wilton de Souza disse que ainda tenta retirar os mendigos da área. "Mas só conversando; mesmo assim, outro dia um deles não gostou e riscou a lataria de meu carro", afirmou Souza, que trabalha sem identificação no uniforme. "É complicado trabalhar aqui. Não quero nem que saibam o meu nome."

De acordo com a assistente social Rosane Maria de Oliveira, que coordena o projeto de resgate social e também o albergue do município, 30% dos moradores de rua que estão na cidade são de Paranaguá. "São pessoas que perderam vínculos familiares ou têm problemas com álcool ou drogas e preferem ficar nas ruas", disse. O restante, segundo Rosane, é em sua maioria de Curitiba e cidades do Norte do estado. "Elas vêm para a cidade atraídas pela fantasia de oportunidades de emprego no porto, o que é uma inverdade. Não tem emprego aqui."

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