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“Cada minuto que uma pessoa perde reclamando é um minuto a menos para ser feliz”. A frase poderia ter saído de qualquer livro, mas foi dita por Luciana Dorini, de 36 anos, paciente dos Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), que luta há pelo menos 22 anos para viver e viver cada vez melhor. Luciana tem um hemangioma - uma formação tumoral nos vasos sanguíneos - e aos 14 anos descobriu que o pequeno volume na gengiva poderia lhe custar a vida. Desde então, luta para continuar vivendo e de bem com a vida.

Assista ao vídeo com os pacientes do hospital

“Depois que você entende que a sua vida está em risco, tudo fica mais bonito. O importante mesmo é viver cada minuto do jeito que você é”, conta Luciana, que é uma das pacientes que participa do vídeo lançado nesta sexta-feira (15) pelo Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba. “Para de BláBláBlá” foi gravado pelos pacientes do hospital justamente para lembrar que, quem muito reclama, perde tempo de ser feliz.

A música escolhida foi gravada pela cantora e youtuber curitibana Sofia Oliveira e é uma paródia da música “Blá Blá Blá”, da cantora Anitta. A letra foi escrita pelos próprios colaboradores do hospital com base nos relatos que ouvem diariamente dos pacientes internados que, além de buscar motivação, tentam agora motivar outras pessoas a enxergar a vida com outros olhos.

Esse não é o primeiro vídeo feito pelos pacientes. O projeto acontece desde 2012 no hospital, todo ano com um tema diferente. Em 2012, os pacientes cantaram a música “Stronger”, da cantora Kelly Clarkson, para incentivar o cadastramento de doadores de medula óssea. O vídeo alcançou quase 1 milhão de visualizações e conseguiu colaborar para o aumento de doadores em Curitiba. Em 2013, os pacientes cantaram suas próprias histórias de superação e em 2014 buscaram estimular a doação de sangue.

O psicólogo José Roberto Palcoski trabalha com esses pacientes e afirma que a ação ajuda não só a motivar quem o assiste, mas colabora para a cura e enfrentamento da doença pela pessoa e pelas famílias. “O tratamento é formado pelo tripé família, equipe médica e autoconfiança. Se algum deles vai mal, o paciente vai mal”, explica. Ainda de acordo com Palcoski, o vídeo é uma forma dos pacientes mostrarem que eles são parte da sociedade e que a história de cada um pode servir de motivação para outros. “A sociedade marginaliza essas pessoas, muita gente se afasta depois que elas descobrem uma doença. No momento em que eles gravam um vídeo, mostram pra essa sociedade que eles são importantes”, conta.

Vencendo batalhas desde o primeiro dia de vida

A pequena Julinha, que completa 2 anos em agosto, nunca soube o que é não ter que lutar pela vida. Sua mãe, Angela Dal Santos, diz que desde que a filha nasceu, prematura, com pouco mais de 600 gramas, viu em seus olhos a vontade de viver. Ainda recém-nascida, Júlia pegou diversas infecções, que a fizeram perder grande parte do intestino. Depois de muita luta, Julinha hoje está em casa e aguarda uma decisão da Justiça para que ela faça um transplante de intestino nos Estados Unidos. E, é claro, faz uma participação no vídeo do Nossa Senhora das Graças junto com os pais para mostrar que, apesar de entender muito pouco, já é um exemplo de vida.

A mãe conta que, mesmo recebendo uma notícia ruim atrás da outra, nunca perdeu a fé. “Mesmo quando ela era muito pequena, todos me falavam que ia ser difícil e eu via nos olhos dela a vontade de viver. Não consigo explicar”, conta. Angela, que hoje espera uma decisão da Justiça para que a filha seja tratada no Estados Unidos, diz que espera que a história da filha possa mudar a vida de outras pessoas. “Desde que tudo isso começou eu sempre disse pra todo mundo: tudo vai dar certo. É isso que decide uma vida. Essas histórias vão ajudar muita gente a parar de reclamar e ver tudo o que há de bonito pra ser vivido”, diz, emocionada.

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