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Anselmo da Rocha Bher era um rapaz de 18 anos, tranqüilo e sem envolvimento com brigas ou drogas. Mesmo assim, não escapou da violência urbana que agrava os índices de Curitiba e região metropolitana na atual pesquisa divulgada pela Unesco. Em agosto de 2004, ele foi atingido por tiros enquanto andava de bicicleta com amigos no centro de São José dos Pinhais. Um grupo de rapazes passou de carro e efetuou vários disparos. A polícia prendeu os autores, mas não salvou a vida de Anselmo, que foi confundido com outra pessoa pelos assassinos.

"Perdemos a alegria, ficamos muito abalados e revoltados com tudo o que aconteceu. Não acreditamos mais na Justiça", conta a tia da vítima, Zerlinda da Rocha Bher. A descrença em ações policiais que inibam esse tipo de crime está presente na maioria das famílias que passam por situações semelhantes. "A Justiça aqui não está do nosso lado, falta apoio aos familiares e principalmente respeito pela nossa dor", revela Sueli da Rocha Amorim, que, além de perder o marido – um grande empresário de Curitiba – durante um assalto, foi tida como suspeita no homicídio. "Eu não precisava passar por tudo isso. Perdi o homem da minha vida. Presenciei seu assassinato, cruel e banal, e ainda precisei me defender", recorda.

A recuperação leva tempo, e mesmo assim o dia-a-dia nunca volta a ser igual. "Ficamos todos com muito medo. Até paramos de procurar os outros culpados, afinal nada vai trazer o Anselmo de volta", afirma Zerlinda. Para Sueli, o que a fez voltar à vida e assumir os negócios do marido foram os filhos e a consciência de que mais de cem famílias dependiam dela para sobreviver.

Quando se fala em perdão, a resposta é certa. "Todo ser humano merece o perdão, mas é muito difícil para a gente. A revolta é grande. Tínhamos muitos sonhos, todos levados em um segundo, por uma única bala", desabafa Sueli.

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