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As telas que impedem a travessia de pedestres na BR-277, no perímetro urbano de Curitiba e de São José dos Pinhais, estão na mira do Ministério Público (MP) do Paraná. O promotor Sylvio Roberto Kuhlmann, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias dos Direitos Humanos, solicitou informações à Ecovia, empresa que administra a BR-277 no trecho entre Curitiba e o litoral, e ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná. Kuhlmann também pediu esclarecimentos a respeito das passarelas destinadas a pedestres e das passagens existentes em três trincheiras subterrâneas, em que pedestres disputam espaço com veículos.

As telas foram instaladas pela Ecovia, entre as duas pistas, para tentar reverter os índices de atropelamentos na região. Um trecho de sete quilômetros já foi bloqueado. Como vias alternativas para os pedestres, a empresa disponibilizou sete passarelas e vem adequando três passagens subterrâneas, nos quilômetros 80,8, 80 e 77,8.

A principal reclamação de moradores dos bairros Uberaba e Cajuru é a distância entre as passarelas e a falta de segurança nas passagens subterrâneas. A reportagem esteve ontem na trincheira do quilômetro 80 e constatou a dificuldade criada para pedestres e motoristas. "Ficou horrível", comentou a doméstica Luzia de Fátima Cordeiro, 36 anos, que todos os dias passa pelo local de bicicleta. "Tenho que passar pelo meio da pista."

A passagem tem 3,20 metros de largura e 80 centímetros foram adaptados para pedestres e cadeirantes. A adequação atrapalhou motoristas que vêm no sentido de São José dos Pinhais pela Rua Gabriel Ferreira Filho, paralela à rodovia. O comerciante José Colombo, 47 anos, que trabalha em uma loja na frente da trincheira, disse que presencia pelo menos um acidente por dia. "Antes, em dois anos, nunca tinha visto um acidente aqui. Agora, todo dia algum caminhão ou ônibus bate no poste", afirmou.

Os 80 centímetros são considerados insuficientes pelo arquiteto Ricardo Tempel Mesquista, especialista em acessibilidade. "Uma cadeira de rodas tem 76 centímetros. Mas qualquer passagem em via urbana deve ter no mínimo 1,20 metro, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas", disse. "Desse jeito, a pessoa está disputando espaço com o veículo. O espelho retrovisor pode bater na nuca do pedestre."

A Ecovia informou que a única trincheira pronta é a do quilômetro 80,8, que conta com iluminação, proteção para o pedestre (uma espécie de grade) e uma pista que vai até a rodovia. Outra passagem, no quilômetro 77,8, também está sendo reformada. Lá, o espaço para pedestres é de 1,80 metro.

Para o vereador Serginho do Posto (PSDB), que levou o caso ao MP, a tela na BR-277 lembra o Muro de Berlim. "Estamos parecendo a Alemanha de antigamente, separados por um muro."

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