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Ana Paula (à direita): “Nunca ando com dinheiro” | Fotos: Antonio Costa/Gazeta do Povo
Ana Paula (à direita): “Nunca ando com dinheiro”| Foto: Fotos: Antonio Costa/Gazeta do Povo
  • Bolsa colada ao corpo: tática para evitar furto
  • Ana Teresa já foi assaltada:

Até quando descansa sentada em um dos bancos da Rua XV de Novembro, a aposentada Ana Teresa Silva, 61 anos, mantém a bolsa grudada ao corpo. "Já fui assaltada ali perto do Teatro Guaíra. Agora fico bem ligada em tudo", diz. Ana Teresa anda de ônibus e, sempre desconfiada, deixa o celular no bolso da frente, ao alcance dos olhos, temendo furtos. Ana é só um exemplo do que o medo da violência fez com a rotina das pessoas que caminham pelo Centro de Curitiba, pegam ônibus, fazem compras e se deslocam em áreas públicas.

A dona de casa Ana Paula Souza, 31, se assusta até com a abordagem da equipe da reportagem. "Não costumo parar. Mas, se você vier andando comigo, podemos conversar", explica. A dona de casa radicaliza nos cuidados com o ladrão que pode estar sempre por perto. "Não faço saque em caixa eletrônico no Centro e nunca ando com dinheiro."

As precauções tomadas pela duas são exemplos a serem seguidos, segundo orientação da Polícia Militar do Paraná (PM). Conforme o capitão Antônio Zanatta Neto, da Comunicação Social da PM, o próprio cidadão deve zelar pela sua segurança. "São medidas simples. Quando a pessoa for sacar dinheiro no caixa deve observar se não há ninguém suspeito por perto e se está sendo seguida. Quando for chegar ou sair de casa, é importante observar se não há ninguém de tocaia. Se tiver algo estranho ali é melhor dar uma volta na quadra", diz.

Ainda segundo o capitão, a população pode e deve acionar a Polícia Militar quando necessário. "Estamos presentes em todos os municípios paranaenses, 24 horas por dia", diz.

Ciclo

A precaução, justificável, tem seu reflexo negativo. O corre-corre das pessoas desconfiadas, caladas e sempre receosas com o outro é a tônica de quem anda por Curitiba. "É esse um dos aspectos mais perversos da insegurança e da sensação de insegurança vivida pelas pessoas", diz o sociólgo Pedro Bodê, coordenador Centro de Estudos sobre Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná. Segundo ele, a violência cotidiana gera um ciclo de temor que traz conseqüências na qualidade de vida da população. "Você passa a ter medo de quase todo mundo e, por isso, passa a interagir menos com as pessoas. Quanto menos interage, mais exposto à violência, você fica."

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