• Carregando...

O advogado do pastor evangélico André Silveira deve entrar nesta sexta-feira com uma ação cível contra o governo do Paraná e outra criminal contra dois policiais militares da 3.ª Companhia do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) de Curitiba. Silveira alega ter sido vítima de "violência, preconceito racial e abuso de autoridade" ao ser parado em uma blitz, na última segunda-feira, na Rua Doutor Dário Leopoldo dos Santos, no bairro Jardim Botânico. "Um cidadão não pode ser julgado pela cor da sua pele se é bandido ou não", afirma o pastor da 1.ª Igreja Batista de Curitiba.

Silveira conta que foi parado no bloqueio policial montado nas proximidades da rodoferroviária quando estava a caminho de uma partida de futebol. A abordagem teria sido feita por policiais identificados apenas como sargento Ramalho e soldado Benvenutti. O pastor diz que já tinha sido parado em outras blitze, mas nunca fora tratado daquela maneira.

"Foi muito desagradável. Desde o primeiro momento eles já foram agressivos." Os policiais teriam pedido documentos e feito revista pessoal. No entanto, durante o procedimento, Silveira afirma que sofreu ameaça e agressão verbal e física. "Ameaçavam apontar a arma para mim. Me empurraram. Bateram nas minhas costas e deram chutes nas minhas pernas. Minha moral foi destruída."

O pastor alega que assim que falou aos policiais que iria denunciá-los pela maneira como estava sendo tratado, eles "arrumaram um pretexto para apreender o carro" – um Polo vermelho. "Falaram que a placa traseira estava apagada e ficaram com o carro. Mas tirei o automóvel do Detran (no dia seguinte) pela manhã do jeito que estava", conta Silveira. Ele diz que trocou a placa depois, por vontade própria. Um coronel aposentado da Polícia Militar interveio na abordagem e acompanhou o pastor até a sede do BPTran. Lá, foi redigido um termo de declaração contra os dois policiais.

Segundo o major Vilmar José Cardoso, que responde pelo Comando do BPTran, uma sindicância interna foi instaurada pelo Setor de Justiça e Disciplina (SJD) do batalhão para apurar a postura dos policiais envolvidos na denúncia. Os dois policiais e o pastor devem começar a ser ouvidos ainda nesta semana. O procedimento tem o prazo de 20 dias úteis para ser encerrado. Conforme o tenente Robson Alves, chefe do SJD, se for comprovado abuso de autoridade por parte dos policiais, a punição pode variar entre advertência e exclusão da corporação. "Para nós é uma surpresa essa reclamação. É o primeiro caso desse tipo registrado neste ano", conta o major.

Caso seja constatado durante a sindicância algum resquício de crime, o caso será enviado à Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual, que encaminhará o processo para julgamento. Neste ano, 416 inquéritos e procedimentos investigatórios contra militares foram registrados na auditoria. Os dois policiais acusados foram procurados pela reportagem, mas não deram retorno até o fechamento desta edição.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]