• Carregando...

Brasília – Dez meses depois do início da crise aérea, são fortes os sinais de que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, pode mesmo ser deslocado para o Ministério da Defesa no lugar do ministro Waldir Pires. Bernardo foi sondado duas vezes, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa de uma solução rápida para dar resposta à sociedade. Lula decidiu substituir Pires logo após a tragédia com o avião da TAM. Até agora, Bernardo é a opção considerada mais forte do governo, embora o presidente ainda não tenha batido o martelo sobre a transferência e ainda esteja à procura de nomes para a cadeira do ministro da Defesa.

Lula segurou Pires o quanto pôde no cargo, mas hoje tem pressa na substituição. Avalia que, a partir daí, haverá mudanças de métodos de trabalho e maior integração entre as várias siglas que cuidam do espaço aéreo brasileiro. O presidente também decidiu trocar o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira. O major brigadeiro-do-ar Jorge Godinho Néri é o mais cotado para comandar a secretaria-executiva do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac).

Filiado ao PT e um dos maiores defensores do controle de gastos públicos dentro do governo, Bernardo é o padrinho da proposta que prevê a abertura do capital da Infraero. A idéia, que havia sido discutida ainda no primeiro mandato de Lula e foi engavetada, foi novamente apresentada ao presidente uma semana antes do desastre com o Airbus da TAM.

Na ocasião, o ministro do Planejamento disse a Lula que, para solucionar a crise aérea, era preciso dinheiro. "Não adianta criar carreira para controlador de vôo nem desmilitarizar o setor", afirmou Bernardo. "O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destina pouco mais de R$ 3 bilhões para essa área, mas isso é muito pouco."

Foi Bernardo que, no fim de março, negociou o fim da greve dos controladores de vôo, a mando do presidente, que estava nos Estados Unidos. A intervenção do ministro na rebelião dos sargentos, porém, desagradou ao comando da Aeronáutica. Os controladores retornaram ao trabalho, mas o Poder Executivo não cumpriu a parte no acordo e as operações padrões continuaram meses a fio.

Pelos cálculos apresentados pelo ministro do Planejamento, seriam necessários investimentos de R$ 15 bilhões para pôr nos eixos o sistema aéreo e desafogar os aeroportos do país. A venda das ações da Infraero – com a manutenção do controle acionário pelo Executivo – é a mais nova alternativa em estudo para debelar a crise.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]