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A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) de Curitiba, que ganhou grande notoriedade durante a prisão do policial civil Délcio Augusto Rasera, acusado de chefiar um esquema de interceptações telefônicas clandestinas, tem um novo coordenador.

O promotor de justiça Paulo Kessler deixou a função no fim do mês de janeiro para assumir o Núcleo de Pesquisa e Informação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) - criado em 2006. Interinamente quem está à frente do órgão é o procurador de justiça e coordenador criminal do MP-PR, Luiz Eduardo Trigo Roncaglio. De acordo com a assessoria do MP, Roncaglio está em Belém, no Pará, participando de uma reunião do Grupo Nacional de Combate a Organizações Criminosas (GMCOC).

Kessler conta que a decisão pela saída nada tem a ver com uma possível retaliação ou pressão do governo do estado, já que as investigações do caso Rasera apontaram para uma suposta proximidade entre o policial e o governador Roberto Requião.

No ano passado, o governo estadual retirou os policiais que trabalhavam na promotoria e ameçou retomar o imóvel onde, ainda hoje, funciona a PIC. "Essas retaliações não foram surpresas para mim. Foi um fato importante para divulgar o trabalho sério que fizemos na PIC", afirmou o promotor.

Sem autonomia

Apesar da seriedade do trabalho da PIC, Kessler acredita que a promotoria ainda não tem autonomia e independência necessária para realizar uma boa investigação. "A PIC tem dificuldades e muita lentidão no processo de investigação, apesar de que foi adquirido um padrão de trabalho, mas mesmo assim a promotoria ainda está muito atrelada", disse, não citando a quem. "É justamente para modificar isso que estou a frente deste núcleo, que vai captar, gerenciar e distribuir as informações para as promotorias, sem a necessidade desta dependência de outros órgãos", diz. "Hoje por exemplo só a Secretaria de Segurança Pública tem equipamento para interceptar ligações", exemplifica.

O promotor ressalta o trabalho de estruturação deste núcleo, que deve ir até o mês de maio e prevê a aquisição de aparelhos de interceptações telefônicas por parte do MP. Outra medida já em andamento, é o pedido de programas de informática para gerenciar as informações. "A idéia é que o núcleo seja uma grande fonte de informações para trabalhos de investigações do Ministério Público em todo o Paraná", resume. Já fechado mesmo, está um convênio com o Conselho Nacional de Justica Federal, órgão ligado ao Ministério da Justiça, para ter acesso ao rol nacional dos culpados. "Serve para acompanhármos o andamento dos processos em todo o país", conta Kessler.

Rasera

O caso da prisão do policial Rasera, na concepção de Kessler, foi a investigação mais importante da PIC em 2006. "Sem dúvida. E não só pela prisão do Rasera, e mais pela descoberta da engrenagem de extorsão que permeava o poder público", disse. "Acredito que fizemos na PIC um excelente trabalho em 2006", avalia.

Desde janeiro de 2006 que Kessler estava a frente da promotoria, depois do convite feito pelo procurador-geral de justiça, Milton Riquelme. "Quando ele me chamou eu no primeiro momento recusei porque já havia trabalhado na PIC oito anos - desde a fundação em 1994 até 2002", conta. Mas, aceitou o cargo para fazer um trabalho de direcionamento e uma reestruturação administrativa na promotoria.

"Acredito que o meu trabalho foi feito ao longo de 2006. Foi um ano de amadurecimento e que serviu para apontar algumas falhas e fragilidade do MP. Coordenando este núcleo, espero sanar essas falhas e dar mais autonomia e independência para todas as PIC do estado", concluiu.

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