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A praça de pedágio separa a cidade de Imbituva de cinco comunidades rurais | Fotos: Celso Margraf
A praça de pedágio separa a cidade de Imbituva de cinco comunidades rurais| Foto: Fotos: Celso Margraf

Os beneficiados

O contrato isenta de pa­gamento, basica­mente, veículos oficiais e que prestem serviço público.

"Terão trânsito livre nas rodovias e nos trechos de acesso, ficando portanto, isentos do pagamento de pedágio, os veículos:

I – de propriedade da Polícia Militar Rodoviária;

II – de atendimento público de emergência, tais como do Corpo de Bombeiros, Ambulâncias, quando em serviço;

III – das forças militares, quando em instrução ou manobra; e

IV – oficiais, desde que credenciados em conjunto, pelo DER e pela concessionária."

  • Padre Leopoldo Klemba: abençoou a praça e aderiu ao abaixo-assinado pela isenção

Ponta Grossa - Está no contrato. Só carros oficiais e de emergência estão livres do pagamento do pedágio no Paraná. Mas, quando foi aberta a concessão das rodovias no estado, cada uma das seis concessionárias ganhou autonomia para dar isenção às comunidades lindeiras às praças de pedágio, desde que o agrado não incidisse na tarifa e o governo estadual fosse comunicado. Das seis concessionárias, três concedem isenções, beneficiando no mínimo 400 famílias paranaenses. A exceção abre brecha para novos pedidos. Imbituva, nos Campos Gerais, faz abaixo-assinado para conseguir o benefício também.

A praça de pedágio da concessionária Caminhos do Paraná, na BR-373, separa a cidade de Im­­bituva de cinco comunidades ru­­­rais, além de dar acesso a Ponta Grossa, que é procurado pelos imbituvenses pelos hospitais, universidades e comércio. O padre Leocádio Zytkowski chegou há dois meses na matriz de Imbituva. Depois das missas, ele escutava as queixas dos fiéis sobre o pagamento da taxa de R$ 6,70 no pedágio e as comprovava cada vez que tinha de passar pela praça para rezar missas, abençoar doentes e fazer reuniões nas capelas lindeiras.

Foi então que resolveu iniciar uma mobilização para evitar a cobrança. Há três semanas, um abaixo-assinado corre a zona rural e o centro. Os paroquianos ainda não contaram quantos nomes têm nas listas, mas acreditam que vão conseguir o apoio de toda a população. "Vamos esperar mais um pouco e procurar a concessionária, depois, se não tivermos resultado, nossos advogados vão fazer uma ação popular", afirma padre Leocádio. Mas, no último dia 4, durante uma missa, uma pasta contendo pelo menos mil assinaturas sumiu. Os coordenadores do movimento não chegaram a registrar boletim de ocorrência, já que não sabem se foi um incidente ou algo proposital.

Adesão

O movimento conquistou pelo argumento. A missionária Josania Alessi assinou a folha. Ela diz que volta e meia tem de pagar o pedágio para fazer visitas aos paroquianos das comunidades rurais e o dinheiro sai do próprio bolso. "Para não pesar muito no orçamento, eu já tive de deixar o carro antes do pedágio e caminhar mais ou menos um quilômetro para fazer as visitas", comenta. Até o padre Leopoldo Klemba, que abençoou a praça no dia da sua inauguração, aderiu ao abaixo-assinado. "Eu achei que foi um assalto para a população, poderia ter colocado a praça num local neutro, não no meio da cidade", acrescenta. Con­forme o padre Leocádio, se a concessionária não pode isentar toda a população, que garan­­ta o pedágio livre para religiosos, estudantes, trabalhadores e doentes.

A Caminhos do Paraná ainda não foi formalmente comunicada do movimento. Mas, como adianta o presidente da seção paranaense da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR-PR), João Chiminazzo Neto, o pedido é inviável. "Até onde eu sei, eles querem isenção geral e isso é impossível de ser feito", garante. A concessionária concede isenção para moradores da comunidade de Mariental, distrito da Lapa, na BR-476. O número de isentos não é divulgado pela concessionária por "decisão interna", porém, de acordo com a assessoria de imprensa, foi feita uma análise caso a caso, levando-se em conta vários itens, como a distância da moradia à praça.

De graça

Na região de atuação da concessionária Ecocataratas, 240 veículos estão isentos do pedágio na praça da BR-277. Eles vêm de comunidades rurais próximas a Cascavel. Con­­forme a assessoria de imprensa, todo ano o cadastro de isentos é revisto. Novos pedidos chegam, e a concessionária avalia os riscos.

A Ecovia, que atende a BR-277, entre Curitiba e Paranaguá, isenta 161 famílias de uma comunidade lindeira. O acordo foi feito entre a associação de moradores e a concessionária. Segundo a assessoria de imprensa, levou-se em consideração o isolamento da comunidade após a construção da praça. O cadastro é constantemente revisto. As concessionárias Rodonorte, que administra a região dos Campos Gerais e parte do Norte, e a Viapar, que atua na região Noroeste, não concedem isenções extra-contratuais. A Econorte, na região de Londrina, não respondeu à reportagem.

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