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A prefeitura costuma construir creches nos locais onde há o que se padronizou chamar de "demanda manifesta" – quando os pais protocolam oficialmente o pedido de vaga em determinado Cmei. Quando há verba para a construção de creches, as regiões contempladas são aquelas com o maior número de pedidos de vagas – uma política que não dá conta de atender a todos. O pedido de vagas será sempre maior em bairros que estão em expansão, o que não é o caso do Água Verde. Além disso, o filtro não atende os pais que nem chegam a procurar a creche porque sabem da falta de vagas, ou os que se mudam com uma frequência maior e nem sempre buscam a creche no lugar certo.

"Não podemos trabalhar com demanda potencial. Procuramos atender primeiro os bairros onde existe a maior demanda por vagas. No Centro, por exemplo, temos um pedido de 180 vagas, enquanto no Pinheirinho faltam cerca de 2 mil vagas", justifica Jorge Wekerlin, superintendente executivo da Secretaria Municipal de Educação.

Para atender as famílias que acabam ficando ilhadas em bairros onde a demanda é menor, Wekerlin explica que a prefeitura mantém convênios com creches da região, e que apenas no Centro são nove unidades conveniadas. Dos 33 bairros de Curitiba que não têm creche pública, 10 têm creches conveniadas com a prefeitura – o poder público paga cerca de R$ 180 por criança para que a creche possa atendê-las. Mas os pais também precisam pagar. "Normalmente eles pedem uma contribuição. Mas, além do valor da mensalidade, tinha de pagar transporte, porque ficava longe. Então não deu certo, meu salário ia todo em transporte e mensalidade e faltava até para a comida", conta Anna Carolina Antunes da Silva.

Algumas creches conveniadas consultadas pela reportagem costumam não cobrar nada dos pais, mas a maioria pede alguma contribuição. Os pais que não podem contribuir normalmente precisam começar uma briga para conseguir a gratuidade, o que às vezes leva a um desgaste emocional que faz com que eles desistam de ficar com a possível vaga gratuita. "Já fui a escolas conveniadas e particulares também. Eu realmente não tenho condições de pagar. É uma situção complicada", afirma Eliane Crizol.

Wekerlin argumenta que o valor pago pela prefeitura às creches conveniadas aumentou de R$ 50 por aluno, em 2005, para R$ 180 este ano. Por isso mesmo, elas não deveriam cobrar dos pais que não podem pagar. "A cobrança não deveria estar institucionalizada e devemos estar atentos a esta questão", diz.

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