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Admar de Jesus, que confessou ter estuprado e matado seis crianças na cidade goiana de Luziânia: para especialistas, pedreiro não é pedófilo, mas psicopata | Dida Sampaio/AE
Admar de Jesus, que confessou ter estuprado e matado seis crianças na cidade goiana de Luziânia: para especialistas, pedreiro não é pedófilo, mas psicopata| Foto: Dida Sampaio/AE

Prevenção

Dicas para diminuir os riscos e aumentar a segurança das crianças:

> Construir um relacionamento de confiança com os filhos.

> Ouvir sempre o que a criança tem a dizer, por mais absurdo que pareça.

> Sempre saber onde e com quem os filhos estão.

> Ficar alerta a qualquer pessoa que dê atenção incomum a seus filhos.

> Descobrir o máximo de informações sobre as pessoas que tomarão conta de seus filhos.

> Conversar com os filhos sobre toques inapropriados e não ficar embaraçado ao falar com eles sobre o que é abuso sexual.

> Encorajar os filhos a contar fatos sobre qualquer pessoa, incluindo familiares e amigos próximos.

> Monitorar o uso da internet.

> Explicar a diferença entre segredos "bons" e "maus".

> Conhecer os sintomas do abuso sexual contra crianças.

Fonte: Ana Luiza Cassou e Marisa Toyonaga, psicólogas, e Ângela Goslar, assistente social

MP denunciou padre em 2009

No Paraná, o caso de um padre envolvido com pedofilia foi denunciado pelo Ministério Público em maio no ano passado e deve ser julgado até o final de maio. Vitalino Rodrigues de Lima, 50 anos, é acusado de abusar de cinco crianças em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba.

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Senador sugere prisão perpétua

O caso de Admar Jesus da Silva, que confessou ter estuprado e assassinado seis meninos com idade de 13 a 19 anos, ressuscitou no Congresso projetos destinados a agravar as penas para crimes he­­diondos.

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Uma série de crimes sexuais levada a público na última semana mostra um dos lados mais perversos da violação dos direitos de crianças e adolescentes. O Vaticano se envolveu em uma polêmica sobre padres pedófilos e um serial killer foi preso em Luziânia (GO) após cumprir pena por violência sexual. Fatos como esses trazem uma série de questionamentos sobre os pedófilos. Quem são essas pessoas? Como elas agem? Como proteger os filhos? As respostas, infelizmente, não são muito esclarecedoras. Não existe um perfil único de pedófilos e não há cura para a doença. As únicas certezas são de que a patologia não está relacionada com a homossexualidade e de que o agressor é, na maioria dos casos, conhecido da vítima.

Não há dados nacionais sobre agressões sexuais contra crianças, apenas o Disque 100, programa nacional que recebe denúncias sobre esse tipo de delito, que registrou 9.638 ligações em 2009. Os números fornecidos pelo juiz da Vara de Crimes Contra a Criança e o Adolescente de Curitiba, Eduardo Lino Bueno, dão uma ideia do problema: há mais de 700 inquéritos sobre violência sexual tramitando.

Doença

A pedofilia é definida pela área médica como uma doença, cuja principal característica é a atração sexual por crianças. A ex-presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advo­gados do Brasil no Paraná (OAB-PR), Márcia Caldas, explica que a patologia em si não é descrita co­­mo crime pela legislação. Ou seja, a pessoa só é considerada criminosa se praticar uma violência sexual contra uma criança ou portar material pornográfico. Há casos de pedófilos que não cometeram delitos, embora isso seja mais raro.

É importante também distinguir o pedófilo de um agressor sexual. O último vitimiza não só crianças e tem seu alvo ampliado. É o caso de Admar Jesus da Silva, preso nesta semana em Goiás, que confessou ter matado seis jovens com idades entre 13 e 19 anos. Nesses casos são comuns o uso da violência física e patologias associadas, como a psicopatia. Situação diferente da do pedófilo, que comumente usa a aproximação e o afeto como armas.

Também não há um perfil único do pedófilo, apenas padrões observados. Estão neste rol vítimas de abusos e violência na infância e pessoas que viveram em famílias autoritárias. Apesar disso, há pedófilos que tiveram uma infância normal e adultos vítimas de abusos que jamais cometeram crimes sexuais. Na maioria das vezes, esses indivíduos se relacionam bem em sociedade, principalmente com crianças. Daí a grande dificuldade para a prevenção dessas violações.

Continuidade

A psicóloga e técnica da Coor­denação de Ações Protetivas da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, Ticyana Paula Begnini, afirma que a ciência ainda não conseguiu descobrir como surge a patologia. Da mesma forma, não há estudos que comprovem a existência de cura para a doença. O fato comprovado é que, a partir do primeiro crime, a tendência é a continuidade. Por isso essas pessoas precisam de tratamento e monitoramento constante. "É difícil dizer que existe um ex-abusador. A inclinação é continuar os crimes", diz a psicóloga. Infelizmente ainda não há uma política pública no Brasil que monitore os agressores.

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bis­sexuais, Travestis e Transexuais, Toni Reis, reafirma que não existe qualquer estudo científico que comprove a ligação entre a homossexualidade e a pedofilia. "Ho­­mossexualidade é uma orientação sexual e não está ligada à prática de crimes".

A advogada Maria Leolina Couto Cunha, especialista no enfrentamento à violência contra a criança e o adolescente, reforça a necessidade de discutir o assunto. "O que está mudando é a cultura da denúncia, porque com uma ampliação dos direitos humanos as pessoas estão se dando conta da crueldade que é deixar isso acontecer", considera. Para ela, é através da discussão que pode-se chegar a alguma solução. "As coisas não estão mais embaixo dos panos e é o debate que vai mostrar o avanço nesse sentido. Nosso sistema está ultrapassado e temos que, como país, buscar uma solução", afirma.

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