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Um trecho da BR-277 na altura do município de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, está se transformando em uma autêntica armadilha para os motoristas, principalmente durante os feriados. No último sábado, pelo menos três veículos foram atacados com pedras, na altura do quilômetro 123, sentido Ponta Grossa – Curitiba. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE), que fiscaliza o trecho, confirma que há problemas no local e pretende realizar uma operação conjunta com a Polícia Militar de Campo Largo. Apesar de se tratar de uma rodovia federal, o trecho é delegado à administração estadual.

Uma das vítimas no último fim de semana foi o jornalista Irinêo Netto, 28 anos, que viajava com a mulher e o filho de 10 meses (veja depoimento ao lado). Ao passar por um radar, por volta das 18 horas de sábado, Irinêo avistou um homem na pista, que atirou uma pedra. O objeto cruzou o interior do veículo e estilhaçou dois vidros. Quando parou no posto da PRE, Netto encontrou outro motorista, com a mesma história. Enquanto o jornalista relatava o caso, um terceiro condutor encostou, com a lataria de seu carro amassada, também por uma pedrada.

Assalto

Policiais e especialistas em trânsito afirmam que esse tipo de situação pode ocorrer em tentativas de assalto. Não só com pedras atiradas, mas também com objetos colocados no meio da pista, como galhos de árvores. O objetivo é fazer o motorista parar o veículo e sair do carro para ver os estragos – momento em que é abordado pelos assaltantes.

"Às vezes acontece isso, principalmente com ônibus", afirmou o tenente Sheldon Vortolin, da PRE. Ele confirmou que foram registradas reclamações neste fim de semana naquele trecho, mas não soube precisar quantas. Já policiais do posto da PRE na BR-277 disseram, ontem à tarde, que esse tipo de ocorrência é comum na região.

"Malucos jogando pedras não são muito comuns, mas tentativas de assalto sim. Principalmente na região metropolitana", revelou o consultor de Trânsito e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Arthur Montes Ribeiro. "Neste trecho já houve assaltos no ano passado, quando os carros diminuem a velocidade. O que precisaria é de policiamento ostensivo". Outra tática utilizada pelos assaltantes, segundo Ribeiro, é bater de leve na traseira do carro da vítima. "Em ruas desertas, o motorista não deve parar por causa de uma batida leve."

Pedras e objetos colocados na pista podem causar acidentes graves, mas não há garantias de que alguém seja punido por colocar vidas em risco. O responsável só pode ser indiciado em dois casos: quando a pessoa atingida se sentir lesada e representar contra ele ou quando houver vítimas ou prejuízos materiais. "Se verificarmos que a pessoa está jogando coisas na pista, podemos até tirá-la de lá. Mas, se não houver representação, não vai adiante", disse o tenente Vortolin.

Se a pedra ou objeto causar acidentes, o responsável pode ser indiciado por crime previsto no Código Penal Brasileiro (por não se tratar de condutor, esse tipo de infração não está prevista no Código de Trânsito Brasileiro). "Neste caso, se o motorista atropelar alguém, a culpa não é dele", afirmou o professor de Direito do Trânsito Marcelo Araújo. "Mas, se o vândalo atirou a pedra e não pegou em ninguém, aparentemente não há nada."

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