• Carregando...

Paranaguá – Catorze policiais do pelotão de choque do 9.º Batalhão da Polícia Militar em Paranaguá, no litoral do estado, estão se revezando, com apoio de policiais civis, durante 24 horas, em frente a uma porta de ferro semidestruída que separa a cadeia e o corredor onde funcionam as salas de delegados e cartórios da 1.ª Subdvisão Policial (SDP). Eles tentam evitar a fuga de 206 presos que superlotam o presídio, parcialmente destruído em rebeliões registradas na madrugada de sábado e na tarde de segunda-feira.

O clima é de tensão entre policiais e delegados que trabalham no local. O prefeito José Baka Filho ameaçou retirar nove funcionários municipais que prestam serviço na delegacia, se o problema não for resolvido hoje. "Não podemos deixá-los correndo risco de morte. O governo tem obrigação de solucionar este problema", disse.

Uma empresa de engenharia pretende utilizar concreto para lacrar a porta, na manhã de hoje. O delegado titular da 1.ª SDP, Valmir Soccio, explicou que a remoção da porta para execução de obras foi descartada. Segundo ele, não há local para disponível para a remoção dos presos e a retirada da porta aumentaria o risco de fuga, já que o acesso entre a cadeia e o corredor da delegacia ficaria aberto.

Policiais informaram que os presos continuam agitados no interior do presídio. O abastecimento de água, que foi interrompido na noite de sexta-feira e que provocou a movimentação dos detentos, foi restabelecido. A vazão de água, porém, está baixa. Os presos utilizam a água para aliviar os efeitos da sensação térmica no interior do presídio.

No total, 206 pessoas estão presas na cadeia construída para abrigar apenas 27 detentos. A superpopulação carcerária obrigou policiais a instalar lonas plásticas, presas com pedras e cordas, no pátio de sol, para ampliar o espaço prisional. Na área coberta com as lonas, foram colocadas 16 mulheres. Entre a população carcerária, 45 pessoas já estão condenadas pela Justiça e cumprem pena na cadeia por falta de vagas em presídios.

Emergência

A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) marcou uma reunião de emergência hoje para analisar a situação dos detentos da cadeia. De acordo com a advogada Isabel Kugler Mendes, secretária da comissão, o órgão vai discutir as alternativas jurídicas com efeitos mais imediatos para garantir o cumprimento dos direitos constitucionais dos presidiários.

Isabel afirmou que o órgão vai levar o caso para ser discutido amanhã em uma audiência com deputados federais. A OAB também vai entrar em contato com o secretário de Justiça, Jair Ramos Braga, para tentar agilizar a remoção de presos de Paranaguá.

O assessor regional da Pastoral Carcerária, padre Antônio Vianna, disse ontem que a colocação de lonas plásticas para tapar o pátio de sol e ampliar o espaço da cadeia "é lastimável". O religioso disse que os bispos de Curitiba e Paranaguá devem se reunir hoje e irão procurar o secretário Braga para pedir uma solução para o problema.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]