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Bastou a divulgação de suspeita de febre aftosa no Paraná para que mais de 50 países embargassem as importações da carne bovina e suína produzida no estado. "Analisando os mercados que o Paraná tinha até outubro de 2005, significa dizer que 87% da carne bovina perdeu, de repente, seus compradores", explica Gustavo Fanaya, economista do Sindicarne. "Mas a situação pior foi a dos produtores de carne de porco, que perderam 90% de seu mercado externo, principalmente em função do embargo da Rússia, maior cliente."

Até mesmo as vendas externas de frango chegaram a ser prejudicadas – por puro oportunismo dos importadores, uma vez que as aves não são suscetíveis à aftosa. Mas a perda do mercado externo dos frigoríficos de aves foi menor, de 6%, segundo estimativa do sindicato. O maior baque sofrido pelo setor avícola foi, na verdade, a ocorrência de gripe do frango na Europa, que assustou os consumidores e reduziu a demanda – e, ainda assim, os aviários têm conseguido recuperar boa parte da clientela.

A situação dos pecuaristas e suinocultores, por sua vez, ainda é bastante complicada. Nos primeiros oito meses deste ano, as exportações de carne bovina caíram 84% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 7,3 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As vendas de carne suína, produto ainda mais relevante na balança comercial paranaense, também despencaram: nos primeiros oito meses de 2006, houve queda de 75%, para US$ 25,2 milhões, interrompendo a ascensão do segmento – que, de 2004 para 2005, havia duplicado o faturamento com as exportações.

"Uma vez recuperado o status de área livre, poderemos ser mais agressivos no mercado externo. Mas levaremos meses para atingir o volume que tínhamos, até porque em alguns casos teremos que esperar o fim dos contratos que os importadores firmaram, com outros estados ou países, depois da aftosa no Paraná", diz Fanaya. "Além disso, quem embargou a carne daqui não é obrigado a voltar a comprar."

Mercado interno

As perdas não se limitam ao mercado externo. Suinocultores paranaenses que forneciam para agroindústrias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul viram as portas desses estados se fecharem. "Toda a cadeia suinocultora era muito integrada no Sul do país. Essa integração agora se limita a catarinenses e gaúchos", conta o economista do Sindicarne.

No caso da carne bovina, pecuaristas e frigoríficos paranaenses ganharam uma competitividade inesperada. Com menos exportações, sobrou carne – e o preço caiu. Assim, grandes redes de supermercados instaladas no estado, que antes compravam quase toda a carne de São Paulo, voltaram-se para os fornecedores paranaenses. Além disso, o preço mais baixo facilitou a entrada de carne do Paraná no mercado de São Paulo, responsável por um terço do consumo nacional.

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