“Meu filho perdeu a vida por uma brincadeira de mau gosto.” Com a voz baixa, quase sussurrando, Josely Pinto de Moura, 49, ainda resiste em falar sobre a morte do filho, Humberto, que morreu após participar de uma festa de universitários em Bauru, no último sábado (28).

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Ingestão rápida pode ter agravado efeito da vodca no organismo de estudante

“O álcool pode ser um veneno e, quanto maior a dose, mais severos são os efeitos”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Daniel Junqueira Dorta

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A enfermeira diz que cabe à polícia investigar o caso, mas defende que esse tipo de festa precisa acabar. “Uma festa assim instiga o rapaz a beber, ele vai sendo motivado pra isso. Não quero que nenhuma outra mãe passe pelo que eu estou passando. Meu filho perdeu a vida por uma brincadeira de mau gosto”, diz.

Humberto Moura Fonseca era de Passos (MG), tinha 23 anos e cursava o terceiro de engenharia elétrica na Unesp (Universidade Estadual Paulista) . Segundo testemunhas, ele morreu depois de beber ao menos 25 doses de vodca em uma competição de ingestão de bebidas alcoólicas. Outros seis jovens foram parar no hospital.

Quem comprasse o ingresso da Inter Reps no último sábado, que custava entre R$ 28 e R$ 45, teria direito a bebida alcoólica à vontade.

Josely estava em Passos quando foi informada do que aconteceu -um amigo de Humberto foi quem ligou. O vice-reitor da Unesp acompanhou a família em todo o processo de reconhecimento e liberação do corpo, que foi sepultado no domingo, às 19h, em Passos. Segundo a mãe, amigos de Bauru, Santos e Passos participaram da cerimônia.

Humberto estava havia três anos fora de casa, era muito estudioso -”ou não teria passado na Unesp”, nas palavras da mãe”-, responsável e fã de esportes. Dedicava bom tempo ao basquete, mas também fazia academia e muay thai. “Tinha uma saúde de ferro”, diz Josely, que é professora-adjunta do curso de enfermagem na UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais).

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Ela afirma, ainda, que o filho bebia socialmente e gostava de participar de festas, como qualquer jovem, mas sem grandes exageros.

“O que aconteceu é que fizeram uma oferta que coloca as vidas das pessoas em perigo e não havia nenhum tipo de socorro de prontidão. Eles são responsáveis sim, e têm que pagar”, diz. Humberto não tinha avisado à mãe que iria para uma festa naquele sábado, e Josely diz que não permitiria que ele fosse caso soubesse do que se tratava.

No domingo (1), dois organizadores da Inter Reps, os estudantes Luís Henrique Scali Menegatti, 22, e Gabriel Juncal Prudente, 25, foram presos sob acusação de homicídio com dolo eventual -em que se assume o risco de matar. Eles conseguiram da Justiça um alvará de soltura e poderão responder às acusações em liberdade. O advogado deles, Luiz Celso de Barros, disse que esse tipo de festa é comum, mas que essa “fugiu do controle”.

A festa onde Humberto estava é apenas uma das versões, a de Bauru. Existem outras edições da Inter Reps, espalhadas em cidades universitárias do interior de São Paulo.