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Ivanise Esperidião da Silva Santos, criadora do movimento Mães da Sé, que busca respostas para o desaparecimento de crianças. Todos os domingos elas se reúnem em frente da igreja para um protesto silencioso.

Procuro a minha filha Fabiana desde o dia 23 de dezembro de 1995. Ela tinha 13 anos quando desapareceu. Eram 20 horas e ela tinha ido visitar uma colega para ver um assunto da escola. Quando estavam a 120 metros de distância do portão da nossa casa as duas se separaram e a Fabiana não foi mais vista.

Quando perdi a minha filha, perdi a vontade de viver. Nós, mães, não estamos preparadas para perder os filhos. O percurso normal da vida não é este. Mas, quando um filho morre, você vive o luto real. Enterrou um corpo. Quando um filho desaparece, fica um ponto de interrogação.

Durante três meses após o desaparecimento da minha filha, vivi uma via-crúcis. No dia do desaparecimento chovia muito forte. Pensei que Fabiana estava esperando. Procurei em todo o bairro até as 2 da manhã. Quando cheguei na delegacia, me informaram que eu teria de esperar 24 horas para registrar uma ocorrência.

Nestes anos tive diversas falsas esperanças. É uma frustração muito grande porque você tem expectativa e depois se sente incapaz. Infelizmente o Estado é omisso. Nossos filhos são apenas uma estatística. É só refletir por um segundo: e se fosse o seu filho?

Se eu tivesse enterrado a minha filha já estaria acostumada com a ideia de nunca mais vê-la. Mas o que me mata a cada dia é a incerteza de não saber o que ocorreu com ela. Onde está Fabiana? O que foi feito com ela? O Estado me deve essa resposta.

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