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Rachel Genofre: estrangulamento | Fotos: Reprodução/arquivo familiar
Rachel Genofre: estrangulamento| Foto: Fotos: Reprodução/arquivo familiar

Triste lista

A morte de Lavínia foi o oitavo caso de violência contra crianças registrado neste mês no Paraná.

5 de novembro – Uma família de indígenas encontra o corpo de Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, 9 anos, em uma mala na rodoviária de Curitiba. Ela estava sumida desde o dia 3.

7 de novembro – Um exame revela que menina de 10 anos, moradora de Mirador, Noroeste do Paraná, está grávida de cinco meses. O pai do bebê seria o padrasto da criança, que abusaria da enteada há dois anos. Ele foi preso em Santa Izabel do Ivaí.

10 de novembro – O corpo de Pamela Diele Pedra dos Santos, 3 anos, é encontrado com sinais de estrangulamento, duas perfurações de faca no peito e vestido com uma blusa, em Querência do Norte. Um suspeito foi preso.

11 de novembro – Dois homens são acusados de estuprar e matar Alessandra Subtil Betim, 8 anos, em Castro. Ela morreu de traumatismo craniano.

11 de novembro – Segundo a polícia de Fazenda Rio Grande, nove irmãos entre 2 e 15 anos eram abusados sexualmente pelo pai, de 49 anos. Ele está foragido.

12 de novembro – A polícia de Catanduvas, no Oeste, investiga o caso de uma menina de 2 anos que teve o corpo queimado com álcool. Ela sofreu queimaduras na região das pernas.

13 de novembro – Um homem de 44 anos é suspeito de abusar sexualmente de suas filhas gêmeas de 10 anos, em Almirante Tamandaré.

16 de novembro – Lavínia Rabech da Rosa, 9 anos, é morta dentro de casa no bairro Atuba, em Curitiba.

  • Alessandra: traumatismo craniano
  • Lavínia: estrangulamento

Oito casos de violência e abusos contra crianças ou adolescentes foram registrados neste mês no Paraná. Em quatro casos a vítima foi morta, e em sete deles há suspeita ou foi confirmado que houve abuso sexual. O caso que chamou mais a atenção – e que guarda mais semelhança com a morte de Lavínia Rabeche da Rosa, 9 anos, assassinada na madrugada de sábado no bairro Atuba – foi de Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, 9 anos, cujo corpo foi encontrado na madrugada do dia 5, em uma mala na rodoviária de Curitiba. Apesar da determinação da Secretaria de Estado da Segurança Pública para que a polícia concentrasse suas ações na solução do caso, até agora nenhum indício foi revelado. Dois suspeitos já tiveram participação descartada.

Para criminalistas e psiquiatras ouvidos na semana passada sobre a morte de Rachel Genofre, o autor de um crime como esse tem um perfil de psicopata. "É um sujeito frio, insensível, com sinais de psicopatia. Um sujeito que procura desafiar a polícia", afirma o criminalista Haroldo César Nater. Segundo o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Paraná Élio Luiz Mauer, o psicopata tem um caráter anti-social. "O que ele fez vai contra todos os fundamentos da nossa sociedade. Foi bizarro deixar o cadáver no local público, isso acentua características anti-sociais", diz. "Essas pessoas não estão preocupadas se vão descobrir o que fizeram. Têm até o desejo de serem descobertas."

Uma característica que chama a atenção é o poder de atração exercido por esses criminosos. "O poder de sedução é próprio das personalidades psicopatas. Eles têm um poder de atração irresistível. Não era um pé de chinelo", opina. Para Haroldo César Nater, uma criança de 9 anos pode ter facilmente se enganada por um sujeito assim. "Confiaram demais na capacidade de reação de uma criança de 9 anos", afirma.

Premeditação

Na opinião da sargento da Polícia Militar Tânia Guerreiro, que trabalha há 26 anos no combate à pedofilia, o criminoso deve ter observado a criança. "Ele fez uma sondagem, observou a criança, se alguém vinha buscar, os locais em que ela passava. Ele já devia estar assediando a menina há algum tempo", aposta. "O pedófilo é muito amável, agradável. Não é brusco, bruto. Ele vai ganhando a presa. Não pega, põe dentro do saco e sai correndo." As marcas de mordida no corpo de Rachel também mostram um pouco da personalidade do assassino. "Há vários tipos de pedófilo. Alguns sentem prazer em espancar, deixar hematomas. Eles gostam do pavor, do medo da vítima, de fazê-la sentir dor", diz Tânia.

O fato de o corpo ter sido encontrado em uma mala também mostra que o crime foi premeditado. "Ele (o assassino) se deu ao trabalho de comprar uma mala para pôr o corpo e levar a um local público. Ele sabia muito bem o que queria fazer", diz Nater. "Aparentemente, premeditou o ato de forma a evitar possível identificação." O jurista diz acreditar ainda que, pelas características do crime, é possível que o comprador da mala leve a uma pista falsa. "Não acredito que o assassino tenha comparecido ao local para comprar a mala."

Caso o criminoso seja um assassino em série, Náter aposta que ele seja de fora. "Não temos notícia de crimes desta espécie aqui. A não ser que esse seja o primeiro crime dele", diz. Uma outra possibilidade, segundo Náter, é que o autor fosse conhecido de Rachel e tivesse a intenção se vingar da família.

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Colaborou José Marcos Lopes

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