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O laudo sobre o rastreador do carro de Mizael Bispo de Souza, réu no processo no qual é acusado de matar a ex-namorada e ex-sócia Mércia Nakashima, foi concluído pela perícia e será entregue nesta sexta-feira (17) ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo. Ainda esta noite deverá acontecer a reconstituição do crime numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado, onde a advogada morreu afogada.

O documento dos peritos mostra horários e trajeto que o Kia Stportage do advogado e policial militar reformado fez no dia 23 de maio, quando a advogada de 28 anos desapareceu de Guarulhos, na Grande São Paulo. Mizael, que tem 40 anos e está em liberdade provisória, sempre negou o crime. Os dados do laudo do rastreador do carro de Mizael chegaram a ser reproduzidos em 11 de junho, numa espécie de reconstituição do trajeto de Mizael feito pela perícia e pela polícia.

O G1 teve acesso aos 18 horários do laudo e os reproduz abaixo. A partir deles, os peritos concluem que o principal álibi sustando por Mizael, o de que ele esteve com uma prostituta durante todo o momento em que Mércia sumiu, seria improvável. Isso porque entre 18h e pouco antes das 19h, período em que Mizael afirmou em depoimento à Polícia Civil ter pego a garota de programa próximo ao Cecap e seguido com ela de carro para o estacionamento do Hospital Geral de Guarulhos, o veículo dele estava em movimento, segundo o laudo do rastreador.

De acordo com a perícia da Polícia Técnico-Científica, o resultado do exame revela que entre 18h05, horário que Mizael saiu de carro de sua casa, e 18h40, quando estaciona perto do hospital, o veículo parou apenas uma vez. Ficou cinco minutos no posto de combustíveis da Rua Macambau, onde o outro acusado da morte de Mércia, o vigia Evandro Bezerra Silva, trabalhava. Assim como o advogado, o vigilante de 39 anos também está livre por conta de uma liminar e alega inocência.

Não é a primeira vez que Mizael é questionado a respeito da sua versão a respeito da prostituta que estaria com ele. Em 11 de agosto, o delegado Antonio de Olim, do DHPP, havia dito que o suspeito mentia. "Além disso, no rastreamento, o carro não para no lugar que ele diz", tinha dito Olim, que recentemente foi afastado do caso. Apesar disso, ele deverá participar da reprodução simulada do crime, marcada para esta sexta, juntamente com o promotor Rodrigo Merli Antunes e a perícia.

Desde o início das investigações, a suposta prostituta nunca foi identificada, encontrada ou prestou qualquer depoimento à polícia. Quando falou ao DHPP, Mizael disse que o nome da mulher seria Ariane ou Ariana e ela teria cerca de 25 anos de idade. Ainda em seu depoimento, ele contou que após ter pego a prostitua na região do Cecap, ele teria levado cerca de dois minutos para chegar de carro ao estacionamento do hospital. Disse também que programa com ela durou cerca de três horas e meia e teria pago R$ 20 pelo encontro.

Quando foi questionado a respeito de Mércia, Mizael contou que esteve com a ex-namorada no dia 22 de maio, quando os dois foram a um motel.

Assassinato

O Ministério Público, a perícia e o DHPP tratam a morte da advogada como assassinato e consideram Mizael como o executor do crime. Para a investigação, ele teve a ajuda de Evandro.

O ex e o vigia são réus no processo. Mizael é acusado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dificultar a defesa da vítima). Evandro também irá responder pelo assassinato, mas com duas qualificadoras (meio cruel e dificultar a defesa da vítima), sendo citado como "partícipe".

Contra os acusados, a investigação afirma ter provas de que eles participaram do crime. São elas: as ligações telefônicas entre eles no dia 23 de maio, o rastreamento do carro de Mizael e uma alga que só existe na represa e que foi encontrada no sapato do advogado. Além disso, Evandro chegou a dizer que Mizael matou Mércia por ciúmes. Também tinha contado que ajudou na fuga do assassino. Depois mudou a versão, negou tudo, e disse que a havia dado sob tortura policial.

Mizael e Evandro alegam inocência e estão em liberdade provisória, graças a uma decisão liminar da desembargadora Angélica Almeida. O mérito do habeas corpus ainda será julgado. Não há previsão para isso, no entanto.

Outro lado

Procurado pelo G1 para comentar o assunto a respeito da conclusão do laudo sobre o rastreador do carro de seu cliente, o advogado de Mizael, Samir Haddad Júnior, afirmou que o aparelho está com problemas.

"Além disso, aquela simulação do trajeto que a perícia e a polícia fizeram a partir do trajeto que o Mizael teria feito a partir do rastreador está toda errada. Porque fizeram aquilo em dia de semana. Ele tinha passado por lá no domingo. Sobre a garota de programa, é verdade que ele esteve com ela sim. Ele passou, buzinou e pegou a menina. O carro não chegou a estacionar completamente. Ele pegou a moça parando lentamente. Outra coisa: cadê o resultado do laudo do amassado no capô do carro da Mércia que não saiu ainda?", disse Haddad Júnior.

Reconstituição

Segundo os advogados de Mizael Bispo de Souza e Evandro Bezerra Silva, acusados pelo crime, eles não irão participar da reconstituição. A versão que será retratada será a de um pescador que viu o carro de Mércia afundar na represa em 23 de maio. Ele ainda contou à polícia ter ouvido gritos de mulher e ter visto um homem não identificado sair do veículo. O veículo foi encontrado pelos bombeiros submerso em 10 de junho. O corpo da advogada foi achado no dia seguinte.

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