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Curitiba perdeu duas colocações no ranking das cidades com a maior quantidade de veículos |
Curitiba perdeu duas colocações no ranking das cidades com a maior quantidade de veículos| Foto:
  • Trânsito curitibano ganhou 164 novos veículos por dia nos últimos dois anos

O aumento do número de carros nas ruas de Curitiba perdeu força nos últimos dois anos e a cidade foi ultrapassada no ranking das maiores frotas do país por capitais de porte semelhante. Em dois anos, Curitiba caiu duas posições na lista das cidades com o maior número absoluto de veículos. Até 2009, a cidade tinha a terceira frota do Brasil, com 1,1 milhão de veículos, entre carros, motos, caminhões, ônibus e outros. Neste ano, ocupa a quinta colocação, superada por Belo Horizonte e Brasília. Atrás também de São Paulo e Rio de Janeiro, que lideram o ranking.Os números não revelam uma queda, mas sim uma desaceleração no ritmo de emplacamentos em Curitiba, comparando com outras cidades. Nos últimos dois anos, a expansão da frota na cidade paranaense foi de 10,15%, menor que as registradas em Belo Horizonte (19,15%) e Brasília (17,32%). Ambas as cidades têm população superior à de Curitiba. Os dados são referentes aos meses de março dos anos analisados e fazem parte de um acompanhamento feito pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

Entretanto, Curitiba ainda é a cidade mais motorizada quando a relação é feita entre a quantidade de veículos e o número de habitantes. Em 2011, Curitiba tem 0,72 carro por habitante – dois veículos para cada três pessoas. A proporção é o dobro da média brasileira, que tem 0,35 carro por pessoa.

Limite

O engenheiro civil Garrone Reck, professor do departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), acredita que a cidade está chegando próximo ao teto da quantidade de veículos por habitante. "Estamos nos aproximando de um nível de saturação, cujo número exato ainda não é possível saber. Nos Estados Unidos, que é o mais motorizado dentre os grandes países, a relação entre população e carro é, em média, de 1 para 1. Mas algumas cidades chegam a superar essa marca", compara.

Apesar da desaceleração, ele ressalta que o aumento da frota curitibana ainda é expressivo: cerca de 120 mil novos veículos nos últimos dois anos – ou seja, 164 novos veículos por dia nas ruas. "O que percebemos é que Curitiba está congestionada e o ingresso de novos carros na rua não está dando refresco. Uma ou outra cidade pode estar em um ponto mais crítico, mas o nosso problema segue crescente", ressalta.

Marcos Traad, diretor-geral do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), afirma ainda não haver percebido essa desaceleração. "A procura por novas habilitações tem sido contínua. No último ano, houve um aumento de 19% na emissão de novos documentos. Claro que a relação com o aumento da frota não é direta, mas demonstra que as pessoas, e os jovens em especial, continuam buscando o transporte individual", relaciona. "Creio que as pessoas buscam mais independência [para deslocamentos], e um dos fatores que mais influenciam a opção pelo carro é a facilidade de compra do veículo."

Traad considera positiva a redução no crescimento da frota. "As cidades estão no limite da capacidade, o que resulta em uma pior condição de tráfego nos grandes centros", afirma. "Para nós, esse será um ano de investimento em sistemas mais inteligentes, para facilitar a emissão de documentos on-line e, com isso, facilitar a vida do cidadão", promete.

Transporte individual vai contra mobilidade

Garrone Reck, especialista em Trans­­porte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que o futuro da mobilidade nas grandes cidades deverá estar cada vez menos atrelado ao transporte individual. "Será difícil criar mais infraestrutura para os automóveis privados, porque simplesmente não há mais espaço para mais carros. Com o tempo, as restrições ao tráfego serão tantas que as pessoas vão passar a procurar outras opções. O que o poder público deve fazer é se preparar para isso, investindo em transporte público", recomenda.

Reck lembra que o alto índice de motorização de Curitiba está ligado a características econômicas, notadamente ao acesso a bens de valor. "Com o aumento na renda, vimos muita gente comprando carro tanto em Curitiba quanto na região metropolitana. Mas, por outro lado, há certa saturação do crescimento populacional dentro da área da capital. Curitiba já não cresce tanto, o que pode explicar a desaceleração no registro de novos automóveis e essa perda de posições", relaciona.

População

Na última década, de acordo com os censos de 2000 e 2010, Curitiba registrou crescimento populacional de 10,37% – inferior ao de Brasília (25,3%), mas superior ao de Belo Hori­­zonte (6,1%). Nesse mesmo período, estas duas cidades praticamente dobraram as suas frotas, enquanto o emplacamento de veículos em Curitiba cresceu 72%.

Marcos Traad, diretor-geral do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), lembra que a expansão na frota de motocicletas também foi expressiva nesse período. "Esse é um grande problema, por causa dos acidentes que ocorrem com esse tipo de veículo", destaca.

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Interatividade

A desaceleração do crescimento da frota de Curitiba é perceptível nas ruas? Por quê?

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