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O crescente apetite do consumidor pelo robalo chileno (chamado de merluza-negra na Antártida e na Patagônia) também pode estar beneficiando os pinguins do Mar de Ross. A pesca no Mar de Ross, inaugurada em 1996 e certificada como sustentável em dezembro pela organização não governamental Marine Stewardship Coun­cil (Conselho de Gestão Marinha), pode ajudar os pinguins-de-adélia ao reduzir a competição pelo peixe Pleuragramma antarcticum, espécie do tamanho da sardinha que serve de alimento para pinguins e merluzas-negras. O ecólogo David Ainley e colegas relataram ter visto menos orcas no sul do Mar de Ross desde 2002. As baleias se alimentam da merluza, e menos aparições sugerem que a pesca já está alterando o ecossistema.

Pesquisadores testemunharam colônias de pinguins do Mar de Ross durante a década de 1970, quando a pesca comercial de ba­­leias removeu 20 mil baleias-de-minke, mais uma concorrente alimentar, da região de inverno dos pinguins. As populações de pinguins-de-adélia acabaram se estabilizando depois de 1986, quando teve início uma moratória internacional da pesca baleeira (e permaneceram estáveis até as influências mais recentes das mudanças climáticas). A pesca japonesa de baleias-de-minke foi retomada logo após a instituição da moratória, teoricamente com fins científicos – uma afirmação, contestada por grupos de observação, que incitou um confronto no Mar de Ross entre a frota japonesa e a Sea Shepherd Conservation Society, grupo ativista contrário à pesca.

"Ficou difícil distinguir se o aumento ocorreu devido à mudança climática ou à redução das merluzas", afirmou Ainley. "Os dois fatores parecem funcionar em conjunto". À medida que o gelo recua, pesquisadores esperam que os pinguins-de-adélia do Mar de Ross serão obrigados a trocar seu alcance por regiões mais ao sul, na direção do polo. Em um estudo conduzido entre 2003 e 2005, Ainley e colegas usaram sensores de geolocalização para acompanhar pinguins do Cabo Royds e do Cabo Crozier, buscando entender melhor seus padrões migratórios.

Publicado no ano passado na revista Ecology, o estudo revelou como os pinguins deixam seu local de ninho em fevereiro e se dirigem para o norte, a pé ou em blocos de gelo, para fugir da escuridão do inverno antártico. Eles fazem uma pausa no gelo a cerca de 483 quilômetros da fronteira com as águas abertas, onde se alimentam e acumulam gordura. Em seguida, retornam para sua ilha ao sul, local de reprodução, antes da noite que se aproxima pelo norte. Uma jornada de 12.875 quilômetros.

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