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Mochila pesada: médicos dizem que importante é ter bom senso | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Mochila pesada: médicos dizem que importante é ter bom senso| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Escolas de Curitiba que levem seus alunos a carregar peso demais na mochila poderão ser punidas por lei. Foi aprovado ontem, em primeira discussão, na Câmara Municipal, um projeto que estabelece uma carga máxima para as mochilas dos estudantes. Segundo a proposta, o peso do material escolar não poderá ultrapassar 5% do peso da criança de até 10 anos de idade e 10% no caso de crianças com mais de 10 anos.

De acordo com o autor do projeto, o vereador Tito Zeglin, o objetivo é conscientizar as escolas sobre os riscos que o excesso de peso nas mochilas pode oferecer à saúde dos alunos. Em caso de descumprimento, há dois tipos de punição previstos: penalidade administrativa para escolas da rede pública de ensino; e advertência e multa de R$ 350 para as escolas particulares.

Na opinião do ortopedista pe­­diátrico e especialista em coluna vertebral André Andujar, os exageros devem ser combatidos. No entanto, ele discorda da necessidade de uma lei sobre o tema. "Em Santa Catarina foi aprovada uma lei estadual com o mesmo teor, mas você acha que alguém foi multado? Vai ter alguém na porta da escola pe­­sando crianças e mochilas? En­­tendo a intenção do projeto, mas creio que não seja esse o caminho", questiona. Para o médico, seria mais interessante exigir que as escolas oferecessem armários onde os alunos pudessem deixar o material.

De acordo com o ortopedista e professor da Universidade Federal do Paraná Luiz Antônio Munhoz da Cunha, o assunto é polêmico até mesmo entre a comunidade médica. "Não existe até o momento nenhum estudo que comprove cientificamente os efeitos do uso das mochilas pesadas na saúde das crianças", afirma. Segundo ele, a dificuldade em medir esses efeitos estaria principalmente na intermitência do uso. Ou seja, a criança não fica o tempo todo com a mo­­chila nas costas. "Acho válida a intenção do projeto, mas não vejo como essa lei será aplicada", comenta.

Para o vereador, o projeto tem uma função mais de orientação do que de punição. "Sabemos que quando algo se torna lei, as pessoas levam mais a sério", diz.

Embora não haja um consenso sobre os efeitos causados pelo excesso de peso nas mochilas, os especialistas são unânimes em dizer que tanto as escolas como os pais precisam ter bom senso. "É complicado querer falar em porcentagem do peso da criança, porque se fosse assim uma criança gordinha poderia carregar mais peso", comenta Cunha. A orientação é carregar somente o necessário, ficar o menor tempo possível com a mochila e escolher um modelo que seja adequado e confortável. De acordo com a fisioterapeuta Luciane Righet­to, do Hos­pital Pequeno Prínci­pe, os pais devem priorizar mochilas de alças largas e acolchoadas e que tenham um cinto na região lom­bar, que ajuda a distribuir o peso. Além disso, é preciso sa­­ber arrumar corretamente os materiais dentro da mochila. "O que é mais pesado deve estar na parte traseira, próximo das costas. Se mesmo retirando o que não seja necessário a mo­­chila continuar pesada, os modelos de rodinha são a me­­lhor alternativa", recomenda.

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