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A cientista política Maria Tereza Sadek, professora da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), fala com paixão das respostas do levantamento inédito que ouviu quase 3 mil juízes, precisamente 25,1% do total de 13 mil associados da entidade. Com a experiência de quem já coordenou outros trabalhos importantes, como a pesquisa interna do Ministério Público sobre a instituição, divulgada recentemente pelo Ministério da Justiça, Maria Tereza detalha como foi feita a amostra e qual é o seu grau de confiabilidade. Leia abaixo os detalhes da entrevista exclusiva concedida à Gazeta do Povo.

Qual é o ponto alto da pesquisa?

O mais importante, que vai marcar mesmo a história do Judiciário brasileiro, é a coragem da magistratura de se conhecer nos seus pontos fracos e pontos fortes. A coisa mais importante é que eles resolveram falar. O ponto forte é ser mais transparente (menos corporativista), e o fraco é que os juízes podem se tornar mais suscetíveis a críticas, porque a magistratura está se mostrando e revelando o que pensa a respeito de determinados assuntos.

Como a pesquisa foi realizada?

Determinamos quais eram os grandes temas, depois formamos grupos de trabalho para discuti-los, quais eram as abordagens que deveriam constar do questionário, fizemos as questões, elaboramos um pré-teste, enviamos para alguns juízes e redefinimos as perguntas. E aí foram enviadas para todos os associados da AMB.

Qual é o grau de confiabilidade da pesquisa?

Em primeiro lugar bastante alta, porque se trata de 25% dos associados da AMB. E nós fizemos um teste para ver se esses associados que responderam correspondiam de alguma forma aos associados em geral. A percepção é de que sim. Tanto que, no que se refere ao gênero, ou seja, ao percentual de homens e mulheres, o total de associados entre aqueles que responderam é absolutamente idêntico, e também aqueles que estavam na ativa e aposentados. O paralelo é absolutamente perfeito.

Com relação as respostas da pesquisa. Por exemplo, a maioria dos magistrados defende a redução da maioria penal. Por que isso ocorreu? Há uma mudança na magistratura brasileira?

Esses dados serão analisados com bastante cuidado. Será feito um cruzamento por gênero, por região, por grau da Justiça (1.ª instância, 2.º grau – recursos) e a partir daí vamos chegar a conclusões mais definitivas.

A senhora coordenou outras pesquisas na área, entre elas a do Ministério Público e dos Juizados Especiais. Elas são diferentes? Em quê?

A pesquisa atual da AMB é a mais ampla. Ela toca em aspectos muito sensíveis da pauta de debate nacional (reforma política, impunidade, desenvolvimento, trabalho e meio ambiente). Essa para mim é a principal diferença.

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