Carla Manfrinato registrou o pão como alimento funcional na Anvisa| Foto: Fabio Dias/Gazeta do Povo

Comercialização

Mistura deve popularizar invenção

A pesquisadora Carla Manfrinato conseguiu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vender também a mistura pronta para padarias e supermercados de Maringá. Com a mistura, o pão francês especial para diabéticos poderá estar em todas as padarias que se interessarem pelo produto.

"Tenho a fórmula da mistura pronta e a autorização para vender, mas preciso comprar alguns equipamentos para a comercialização. Como são máquinas caras, ainda não sei quando vou começar a distribuir a mistura", esclarece Carla. Com o tempo, a perspectiva da pesquisadora é fazer com que sua invenção possa ser consumida em diversas regiões.

Degustação

A estudante Nathália Wismiewski Siqueira, 18 anos, que descobriu que tinha diabete quando era criança, e aprovou a inovação da pesquisadora. "Me alimento com pão francês convencional só de vez em quando. Não posso comer diariamente porque ele altera minha glicemia e até passo mal. Esse novo pão é muito gostoso e estou consumindo diariamente. A nutricionista está de parabéns pela descoberta", conta.

O veto do pão tradicional é imposto porque a falta de fibras faz com que os caboidratos sejam rapidamente absorvidos pelo organismo, transformando-se em glicose. "Não só o açúcar é perigoso. Alimentos processados, com menos fibras e mais carboidratos, como o pão e o arroz branco, e as gorduras, quando consumidas em excesso se tornam vilões da doença", diz a epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Maria Inês Schmidt.

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Uma fibra importada da Bélgica – e cujo nome é mantido em sigilo – promete levar aos diabéticos o simples prazer de comer um pão francês. O produto normalmente é vetado para quem tem a doença por elevar demais o nível de açúcar no sangue e é substituído pelo pão integral, que tem mais fibras.

A nutricionista, professora universitária e pesquisadora de Maringá Carla Manfrinato pesquisou ingredientes que não tirassem as características do francês tradicional, mas o tornasse palatável aos diabéticos. Chegou a uma fibra especial importada (cujo nome não pode ser revelado, para que seja preservado o segredo de patente) que ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue e não altera o sabor do pão. Os outros ingredientes são idênticos aos do pão francês normal.

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"Essa fibra auxilia no controle da glicose sanguínea e, por isso, pode ser consumida por diabéticos, sem problema algum. Foram sete meses procurando essa fibra, que é natural", explica Carla.

O produto é bem parecido com o pão francês convencional. As diferenças estão na coloração, que é mais branca; e no miolo, que é mais duro do que o tradicional. O produto também pode ser consumido por quem não tem a doença. "Os benefícios para quem não tem diabete também são interessantes, como a perda de peso, com a ajuda das fibras", explica.

A inovação deu tanto resultado que Carla Manfrinato resolveu abrir uma padaria de sociedade com os pais, em Maringá, para comercializar o pão e dar assistência nutricional aos clientes. "Estou feliz porque tudo tem dado certo em minha vida. Estamos comercializando, em média, trezentos pães por dia, e os diabéticos estão cada vez mais satisfeitos. Fico emocionada ao saber que minha descoberta trouxe tantos benefícios à sociedade", conta a nutricionista.

Patente

Após dois anos de pesquisa, Carla Manfrinato enviou suas conclusões para um laboratório alimentício da Bélgica, que comprovou a eficácia dos resultados obtidos. A fabricação do produto foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em todo o Paraná.

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A receita foi patenteada no fim do ano passado e o produto foi reconhecido como alimento funcional. "Minha ideia foi desenvolver um produto que ajude essas pessoas a ter uma vida mais saudável. Percebi que os diabéticos tinham vontade de consumir o pão francês, mas não podiam", diz a pesquisadora.

O pão para diabéticos está à venda em Maringá há aproximadamente 30 dias, por um preço inferior ao do pão convencional. "O objetivo é que este pão sempre esteja acessível para todas as classes sociais. Faz apenas 30 dias que comecei a fabricar e vendo o pão a R$ 5,90, o quilo. O pão francês convencional é vendido, em média, por R$ 7", acrescenta.

O presidente da Associação dos Diabéticos de Maringá (Adim), Vercilene Rossi, conta que várias pessoas da entidade conheceram e elogiaram o produto. "É uma descoberta muito importante para as pessoas que têm a diabete, porque, atualmente elas comem apenas o pão integral, que pode enjoar, com o tempo."

Serviço:

O pão francês especial para diabéticos pode ser degustado e comprado por R$ 5,90, o quilo, em Maringá, na Manfrinato Alimentos Especiais, que fica na Avenida Paranaguá, na Zona 7.

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