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No Dia do Médico, uma pesquisa revela que aqueles que cuidam da saúde dos paranaenses têm pouco a festejar. Levantamento feito pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar) mostra que 66% dos profissionais da área estão descontentes com as condições de trabalho. A precariedade da estrutura física dos hospitais e postos de saúde, a falta de disponibilidade de exames complementares, a defasagem da remuneração e a desvalorização do profissional são apontadas como as principais causas para a insatisfação. "O que percebemos é que, por mais que haja boa vontade do médico em prestar um atendimento de qualidade, a estrutura não permite que ele faça um trabalho digno", afirma o diretor do Simepar e presidente da Associação Paranaense de Medicina de Família e Comunidade, Hamílton Lima Wagner.

Segundo a pesquisa, 75% dos médicos têm vínculo com o sistema público e 79% prestam algum tipo de serviço ao SUS. "Muitos desses médicos trabalham em regime de cooperativa e são terceirizados, não têm direito a férias, nem a décimo terceiro", afirma. O levantamento avaliou também a expectativa salarial dos profissionais. "Eles gostariam de estar ganhando entre R$ 6 mil e RS 10 mil. Mas um médico da prefeitura ganha hoje R$ 1.057", diz.

A baixa remuneração também motivou a elaboração de um manifesto por parte da Associação Médica do Paraná. De acordo com o presidente da Associação, José Fernando Macedo, até agora já foram recolhidas cerca de 10 mil assinaturas e dentro de 15 dias o documento será enviado a Brasília. "A classe médica está cansada e precisa do apoio da população para mudar essa situação. O que vemos hoje é um total descaso com a saúde. Falta sensibilidade dos nossos governantes, que não sentem na pele as dificuldades dos hospitais e postos de saúde", afirma.

Para Macedo, os médicos que atuam pelo SUS deveriam receber, pelo menos, 30% dos valores da tabela determinada pelas sociedades científicas. Nesse caso, o médico receberia R$ 30 por uma consulta simples, e não R$ 2 como acontece hoje. "Um médico que estuda durante 11 anos não pode receber tão pouco", lamenta.

A necessidade de trabalhar em mais de um emprego e jornadas que chegam a 60 horas semanais são fatores que se refletem na qualidade de vida dos profissionais. De acordo com a pesquisa do Simepar, a expectativa de vida dos médicos está abaixo da observada na população em geral, que é de 73 anos. "Um médico vive em média 65 anos, são quase 10 anos de vida comprometidos", afirma Wagner. A pesquisa mostrou também que a taxa de separações conjugais é maior entre os médicos. Enquanto que na população em geral fica em torno de 40%, na classe médica é de 60%.

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