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Tenho por hábito acreditar em pesquisas eleitorais. Exceto em casos muito ostensivos de manipulação, que são raros e improváveis pela própria legislação reguladora, hoje bastante exigente, e concedendo-se a margem prevista de erro, na maioria das vezes as pesquisas são um bom retrato do momento presente das campanhas. E institutos como o Datafolha e o Ibope já têm uma história e um histórico que lhes dão credibilidade. Os próprios candidatos, mesmo falando em público mal das pesquisas quando os resultados lhes são desfavoráveis, não prescindem delas em particular para avaliarem como andam as coisas.

Porém, mesmo descartando-se a hipótese de fraude e o arsenal de pequenas e grandes teorias conspiratórias de mesa de bar, uma coisa fica evidente: aqui em Curitiba as pesquisas funcionam mal. E erram com larga margem de erro – sequer raspam na trave. Os exemplos mais evidentes parecem perseguir justamente o candidato Gustavo Fruet. Na última eleição para senador, segundo as pesquisas, seria derrotado fragorosamente – perdeu, mas por um índice mínimo, que qualquer sondagem mais precisa teria de dar como empate. Sim, era uma eleição estadual, mas Curitiba pesa muito na ponderação dos votos. E agora, abrindo a internet no fim da tarde de domingo, descobri que a boca de urna do Ibope indicava Luciano Ducci disputando o segundo turno com o candidato mais votado – o que, aliás, as últimas pesquisas repetiam toda semana. Fruet mantinha-se sistematicamente bem atrás. Não havia sinal de nenhuma tendência em sentido contrário (o que estava ocorrendo claramente em São Paulo, com Russomanno perdendo pontos dia a dia, de modo que lá o resultado não surpreendeu).

Se não é má fé dos institutos, e se a pesquisa é feita rigorosamente com critérios técnicos de boa ciência, por que o resultado falha? Bem, elementar, meu caro Watson: neste tripé de instituto, método e eleitor, o erro é do eleitor! De lupa na mão, vamos esmiuçar a cabeça curitibana e tentar descobrir por que ela se recusa a se comportar de acordo com a ciência estatística.

Não sei, mas desconfio que não somos confiáveis. Há algo de mineiro no curitibano. Pesquisas eleitorais em Curitiba me lembram aquelas enquetes supostamente científicas de avaliação do comportamento sexual da população. Todos mentem. "Em quem o senhor vai votar?" "A senhora já escolheu candidato?" Os curitibanos vão abrir logo o jogo? Muito difícil. Ninguém alardeia nada. Vejam as ruas: quantos carros ostentam plásticos com nomes de candidatos? Nenhum. Quando vemos uma propaganda, o carro é de cabo eleitoral, com alto-falante ligado. Ou a placa é de outra cidade. Curitibano só pede voto aos amigos, quase como quem pede desculpas, cochichando, no penúltimo dia. E às vezes o resultado é surpreendente, como acabamos de ver.

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