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Brasília – O PT transformou ontem a solenidade de anúncio de investimentos em saneamento básico e urbanização, no Palácio do Planalto, num ato de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem recebido vaias, nos últimos dias, em viagens pelo país.

Foi em discurso de dois petistas, os únicos, aliás, a falar na cerimônia. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, associou os apupos às elites. "Não se vê as elites colocando em prática uma campanha para reverter a miséria", afirmou. "Nós falamos em nome do nosso povo e o povo te aplaude, presidente", acrescentou.

Já o prefeito de Porto Velho, Roberto Eduardo Sobrinho, convidou Lula para ir a Rondônia. "O senhor jamais receberá uma vaia no nosso município. Não vamos ter traíras", disse. Também participaram da solenidade os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB); do Amazonas, Eduardo Braga (PPS); de Roraima, Ottomar Pinto (PTB); de Rondônia, Ivo Cassol (PPS); do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB); de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB); do Amapá, Waldez Góes (PDT); de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB); de Goiás, Alcides Rodrigues (PP); do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM).

No discurso, Lula destacou os investimentos feitos pelo governo federal na área de saneamento. Os recursos anunciados ontem estão contemplados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevêem um total de R$ 6,9 bilhões – R$ 5,9 bilhões da administração federal em obras em cidades com mais de 150 mil habitantes.

Superávit

Ele criticou, mais uma vez, os antecessores pela falta de investimentos na área e disse que o Tesouro Nacional usava essas verbas para fazer superávit. Lula também censurou prefeitos que não priorizam obras sanitárias nos municípios. "Saneamento básico não faz parte da cultura administrativa do nosso país." O presidente ironizou: "Não há prefeito que consiga colocar o nome de um parente na manilha", referindo-se à prioridade dada pelas prefeituras a obras mais visíveis.

Lula brincou também com a política de contenção de despesas adotada por algumas gestões. "Eu não sei que diabo que é que essas pessoas gostam tanto de ter dinheiro debaixo do travesseiro. Mas todo tesoureiro é assim. Em vez de dizer que melhorou a vida das pessoas, todo mundo quer carregar o status de que ‘eu fui o que mais economizei’", disse.

Segundo ele, as maiores questões sociais hoje, no país, estão nas periferias das grandes cidades, definidas pelo presidente como o "centro nervoso da sociedade". "É nesse espaço que as pessoas disputam lugar com ratos e baratas", afirmou.

Lula prometeu aos prefeitos agilidade no repasse do dinheiro do PAC. O presidente disse que espera que até fevereiro as obras sejam iniciadas e ainda brincou com a presidente interina do Banco do Brasil (BB), Clarice Coppetti, presente na solenidade para assinar convênio com as prefeituras. "Se a companheira Clarice não der conta, eu despacho ela para o Rio Grande do Sul. Eu só não posso despachar o José Alencar", afirmou, referindo-se ao vice-presidente.

Imprensa

Apesar do bom humor, o presidente censurou o que ele chamou de "gloriosa imprensa", que, segundo ele, "resiste" em compreender os critérios técnicos usados pelo Poder Executivo para distribuir o numerário público.

Na avaliação de Lula, o Programa de Aceleração, lançado em janeiro, mudou o padrão de governabilidade no país, facilitando a vida de governadores e prefeitos e acabando com as "filas burras" dos empréstimos para governos de estados e administrações municipais.

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