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A Polícia Militar (PM) vai encaminhar até o fim da semana ao Ministério Público (MP) um estudo que aponta os riscos das pedras de petit-pavê serem usadas como armas em confrontos. Na segunda-feira, a juíza Josély Dittrich Ribas, da 3.ª Vara da Fazenda de Curitiba, emitiu liminar suspendendo o uso do material na reforma das calçadas da Avenida Marechal Deodoro, no Centro, atendendo pedido do MP. A instalação dos blocos antiderrapantes de concreto continua. O MP alega que o petit-pavé é inapropriado por ser escorregadio, o que colocaria pedestres em perigo, além de dificultar o acesso a portadores de deficiência ou pessoas com dificuldade de locomoção.

Levantamento interno na PM em Curitiba indica que, desde 2000, 36 policiais foram feridos por pedras de petit-pavé em confrontos com torcidas organizadas e em protestos. O levantamento faz parte do estudo de um ano intitulado "Arquitetura Contra o Crime", elaborado pelo coronel Roberson Luiz Bondaruk, comandante do Regimento de Polícia Montada.

Segundo Bondaruk, o petit-pavê além de ser acessível, já que é fácil de ser retirado, tem o formato ideal para ser lançado a longa distância. "Nos casos das torcidas, por exemplo, a pessoa já leva um ferro para retirar a pedra. E após retirar a primeira, as outras saem facilmente", explica Bondaruk.

O coronel também afirma que o calçamento de petit-pavé atrapalha o trabalho da polícia montada. Como o material é liso, o risco do cavalo sofrer um acidente é grande. "Em alguns estádios, o policial tem que guiar o animal a pé porque não consegue se manter montado", argumenta Bondaruk, ele próprio vítima do material. Em agosto de 2001, durante o protesto contra a privatização da Copel no Centro Cívico, o coronel ficou três semanas afastado das ruas por conta de uma fissura na perna esquerda gerada por uma pedra de petit-pavé arremessada por um manifestante.

Bem-estar

A promotora Terezinha Resende Carula, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência, que move a ação contra a prefeitura, diz que vai avaliar o documento da PM. Entretanto, ela ressalta que o foco da ação civil pública continua sendo o bem-estar do cidadão em relação ao acesso das calçadas e ao bem-estar no trânsito dos pedestres. "O petit-pavé é inadequado às normas de acessibilidade e, no caso de Curitiba, não tem manutenção apropriada", considera a promotora.

Prefeitura

A prefeitura de Curitiba, por meio da assessoria de imprensa, alega que as pedras bem assentadas não correm risco de se soltarem e se tornarem armas em potencial. Como exemplo, a assessoria cita o calçadão da Rua XV de Novembro, onde os trechos que não sofreram reformas e nem vandalismo continuam intactos desde 1976. A assessoria afirma ainda que a prefeitura fiscaliza com rigor a capacitação dos assentadores que trabalham nas empresas contratadas para fazer a manutenção das calçadas.

Sobre a retirada das pedras para o fim de ataque, a assessoria diz ser um caso de vandalismo. Dessa forma, a responsabilidade por evitar o dano é dos órgãos de segurança pública.

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