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Atualizado em 10/10/2006 às 21h04

A Polícia Federal (PF) desencadeou na manhã desta terça-feira em onze estados uma operação para desmantelar uma organização criminosa responsável pelo comércio clandestino de cigarros no Brasil. Ao todo, são 116 mandados de prisão temporária e 135 de busca e apreensão - todos expedidos pela Justiça de Mato Grosso do Sul. Noventa e duas pessoas foram presas.

A ação, batizada como "Bola de Fogo" e que conta com 750 policiais federais além de servidores da Receita Federal, acontece no Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Norte, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro.

Até o início da tarde, 91 pessoas já havam sido foram presas no Paraná, em Mato Grosso do Sul, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Somente no Rio Grande do Sul, o número de prisões chegou a 28. A maior parte delas foi em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Entre os presos, estão empresários, advogados e servidores públicos.

Paraná

No Paraná, a operação acontece em Curitiba e em Foz do Iguaçu (Oeste). Em Foz, quatro dos sete mandados de prisão temporária foram cumpridos. A PF apreendeu três veículos: Audi, Toyota e Scenic. Além dos carros e farta documentação, os policiais apreenderam U$S 59 mil na casa de uma das pessoas presas. A PF em Foz não identificou as pessoas presas. Os mandados de prisão, informa a assessoria, ainda estão sendo cumpridos.

Na capital, foram expedidos quatro mandados de prisão e três de busca e apreensão. No entanto, segundo a PF, apenas Nelson Issamu Kanomata Júnior foi preso em Curitiba. As outras três pessoas viajaram para Mato Grosso, onde foram presas: Nelson Issamu Kanomata, Daniele Kanomata e Maria Mukai Kanomata.

A família seria responsável pela empresa Orcrim, que fazia importação e exportação de pneus e teria ligação com a Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros Ltda, instalada na cidade de Cajamar (SP) - empresa proprietária de boa parte do cigarro negociado.

Na capital, os policiais apreenderam um veículo importado modelo Cherokee, pouco mais de um quilo de ouro e farta documentação.

O esquema

A apuração da PF detectou a existência de três grandes organizações criminosas envolvidas no esquema. A primeira é chefiada por Hyran Georges Delgado Garcete, responsável pela introdução em território nacional de grande quantidade de cigarros contrabandeados, além de armas e substâncias entorpecentes.

Boa parte do cigarro negociado por Garcete era de propriedade de outra organização criminosa, encabeçada pela empresa Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros Ltda, que está instalada na cidade de Cajamar (SP).

A terceira organização criminosa é, segundo a PF, encabeçada pela Distribuidora de Alimentos e Produtos de Consumo Dunas, sediada em Natal (RN). Os sócios-proprietários da empresa, aidna segundo a PF, coordenam um esquema especializado na distribuição "atacadista" de cigarros ilícitos, adquiridos no Paraguai e na Sudamax. Outra empresa que tinha o cigarro distribuído pelo grupo era a Tabacalera Central, pertencente aos irmãos Roque e Roni Silveira.

A suspeita da PF é que esta organização criminosa tenha substituído Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, no comércio ilegal de cigarros. Lobão foi preso pela Polícia Federal em setembro de 2003 sob a acusação de ser o maior contrabandista de cigarros do Brasil.

Investigação

A operação é resultado de dois inquéritos policiais instaurados nos estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul. As investigações, segundo a PF, apontaram a existência de um grande esquema de falsificação envolvendo fábricas de cigarros no Brasil e no Paraguai, além de grupos que realizavam a distribuição do produto em todo o território nacional.

Durante os últimos dois anos, informa a PF, foram apreendidas mais de 23.000 caixas de cigarros pertencentes ao grupo, avaliadas em aproximadamente 13 milhões de reais.

Presos e crimes

De acordo com a PF do Mato Grosso do Sul, que está a frente da operação, entre os presos estão policiais federais, empresários, contrabandistas, "laranjas", advogados e servidores públicos.

Entre os crimes cometidos estão contrabando, descaminho, sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio, falsidade ideológica, evasão de divisas, lavagem e ocultação de ativos ilícitos.

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