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Brasília – O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci será indiciado nesta quarta-feira pela Polícia Federal por pelo menos três crimes: quebra do sigilo funcional, abuso de poder e advocacia administrativa (quando o servidor age dentro do governo indevidamente em seu benefício ou de terceiro). Palocci será ouvido pelo delegado Rodrigo Carneiro Gomes no inquérito aberto para apurar a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, que depôs na CPI dos Bingos sobre o esquema de distribuição de dinheiro ilícito em uma mansão no Lago Sul em Brasília.

A situação de Palocci, que já era ruim, piorou muito no sábado. Pela manhã, depuseram em sigilo para a PF duas das mais importantes testemunhas da ordem dada por Palocci a seus subalternos para que fosse violado o sigilo do caseiro: Cláudio Alencar, chefe de gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o secretário de Direito Econômico do Minístério da Justiça, Daniel Goldberg. Os dois confirmaram o que a PF já sabe. Foi Palocci quem deu a ordem para a quebra do sigilo bancário de Nildo.

Eles disseram que na quinta-feira, dia 16, foram chamados por Palocci por volta das 23 horas. Ao chegar na casa do ex-ministro encontraram Palocci e Jorge Mattoso, então presidente da Caixa Econômica Federal. Goldberg disse que não conhecia Mattoso pessoalmente.

Tensão

O assessor de Thomaz Bastos acrescentou ainda que, depois de conversar com ele, Mattoso e Palocci dirigiram-se ao escritório da casa. Palocci perguntou a Goldberg se, pela área econômica do governo, havia como investigar os depósitos feitos na conta bancária de Nildo. A Cláudio Alencar, Palocci indagou se não daria para pôr a PF no encalço do caseiro que tinha desmentido suas declarações à CPI dos Bingos. Os dois contaram à PF que responderam a Palocci que fariam as consultas necessárias.

Naquele dia, o ministro da Justiça estava em Rondônia. No dia seguinte, 17, Alencar quis saber da PF se haveria como investigar Nildo. Em resposta, segundo contou ao delegado, ouviu a informação de que não haveria como, porque nada justificava a abertura de um inquérito para apurar alguma coisa a respeito do caseiro. Os dois responderam a Palocci que não havia como prosseguir.

A PF já tem a informação de que foi aí que tomou corpo em Palocci e no seu então assessor de Comunicação, Marcelo Netto, a idéia de, com o sigilo do caseiro em mãos, ordenar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda, que investigasse Nildo.

Ou de encaminhar à PF o pedido de abertura de inquérito por movimentação bancária suspeita. Ouvido pela PF na semana passada, Jorge Mattoso contou que havia dado os extratos de Nildo ao próprio Palocci. No mesmo dia, Mattoso e o então ministro da Fazenda, seu superior, foram demitidos.

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