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A Polícia Federal (PF) prendeu ontem 21 pessoas acusadas de fraudes contra a Previdência Social em 16 cidades do interior do Paraná. A quadrilha vinha sendo investigada pela polícia há oito meses e teria dado um golpe que deixou um prejuízo de cerca de R$ 7 milhões aos cofres da União. De acordo com o Ministério da Previdência Social, esta foi a maior operação do ano, na área, em número de prisões e apreensão de documentos.

Segundo a PF, o esquema envolvia a participação de 74 pessoas, entre elas 22 funcionários da Previdência Social (sete com cargo de chefia). Também entre os presos estão dois vereadores de Campina da Lagoa, na Região Centro-Oeste do Paraná, além de advogados, contadores, proprietários rurais, servidores de prefeituras, funcionários e membros de sindicatos de trabalhadores rurais. A PF não autorizou a divulgação dos nomes dos envolvidos.

A chamada "Operação Campo Fértil", uma referência à região do estado coberta pela chamada "terra roxa", envolveu 220 policiais federais e 32 servidores da Previdência Social. Além das prisões, também foram cumpridos 46 mandados de busca e apreensão, com os quais documentos, computadores e objetos foram retirados das casas dos suspeitos.

O grupo é acusado de concessão fraudulenta de benefícios previdenciários. As fraudes consistiam em expedição de Certidões de Tempo de Contribuição (CTC) falsas; inserção de contribuições previdenciárias inverídicas nos sistemas da Previdência Social; e requisição e concessão de benefícios previdenciários com documentos fraudados.

"Os criminosos também agenciavam pessoas, procurando os trabalhadores, na maioria gente simples do campo, afirmando que tinham dinheiro atrasado para receber, e ficando com metade do dinheiro destinado a essas pessoas por meio das fraudes", explica a agente federal Gilvanês Olsen.

Das 21 prisões, dez ocorreram na região de Cascavel e 11 na região de Maringá. Os acusados cumprem prisão temporária de cinco dias, e a Justiça pode decretar a prisão preventiva para garantir os depoimentos no decorrer da investigação.

A operação foi realizada nas agências da Previdência Social de Campo Mourão, Maringá e Goioerê, e também na Gerência Executiva de Maringá e nas cidades de Janiópolis, Apucarana, Lidianópolis, Campina da Lagoa, Nova Cantu, Mandaguari, Mariluz, Moreira Sales, Jandaia do Sul, Marialva, Mamborê, Nova Olímpia e Sarandi.

Em Campo Mourão, oito policiais federais entraram na agência do INSS da cidade por volta das 6 horas e permaneceram até as 13 horas vasculhando computadores e documentos. A equipe da PF chegou em duas viaturas e entrou na agência antes do início do expediente. "Na hora em que entrei na agência, eles já estavam procurando documentos, pediram a identificação e obrigaram a ficar em um canto junto com outros funcionários", comentou o responsável pelo setor de benefícios do INSS, Altair Ferreira de Andrade.

Segundo ele, os policiais impediram os funcionários de ter acesso a computadores ou documentos. "Eles pediram para não mexer em nada". Em sete horas no interior da agência, os policiais recolheram pilhas de documentos, que foram levados em sacolas e caixas da PF.

Segundo a Polícia Federal, os criminosos vão responder por estelionato, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, com penas que variam de um a oito anos de prisão. Paralelamente às investigações da PF, o Ministério da Previdência Social instaurou inquérito administrativo disciplinar. Os funcionários poderão ser suspensos e demitidos.

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