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Estratégia

Traficante fez cirurgias plásticas para escapar, diz ministro

O ministro da Defesa de Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou ontem, em entrevista à rádio local "W’’, que o traficante de drogas colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, preso em São Paulo, fez quatro cirurgias plásticas para modificar a fisionomia e escapar da polícia. Santos disse ter sido informado de que o próprio Abadía confessou sua identidade quando foi capturado. "Ele fez muitas cirurgias plásticas para se esconder melhor.’’

Na casa onde o traficante foi preso enquanto dormia, por volta das 6h, a polícia encontrou o passaporte com o nome que ele usava ultimamente: Marcelo Javier Unzue. A mansão tinha paredes falsas e passagens subterrâneas. Para despistar a polícia brasileira, o traficante passou por três cirurgias plásticas. Ele também era "expert" em disfarces. Ontem, chegou à sede da PF usando um bigode ralo e de fios brancos. A PF tem fotos em que ele aparece louro, moreno, careca, cabelos compridos, de óculos ou usando cavanhaque.

Quadrilha atuava em Curitiba

Curitiba – A Operação Farrapos, desencadeada ontem pela Polícia Federal (PF), prendeu em Curitiba três supostos integrantes da quadrilha de tráfico de drogas do colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, um dos 12 traficantes mais procurados do mundo. Há dois anos morando no Brasil, ele residiu em condomínios de luxo em Curitiba, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

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São Paulo – Depois de dois anos de investigação, a Polícia Federal prendeu ontem, em São Paulo, o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, o Chupeta ou Lollipop, um dos traficantes mais procurados do mundo. Aos 44 anos, patrimônio de US$ 1,8 bilhão (R$ 3,4 bilhões) e responsável pelo envio de mais de uma tonelada de cocaína para os Estados Unidos nos últimos dez anos, Abadía foi preso em sua casa, avaliada em R$ 2 milhões, num condomínio de luxo onde morava há oito meses em Barueri (SP). O governo norte-americano, que o caçava desde 2002, quando deixou a prisão em Cali, Colômbia, oferecia recompensa de US$ 5 milhões por pistas do traficante. O dinheiro será destinado à PF.

Abadía foi indiciado no Brasil pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A mulher do traficante, que seria colombiana, também foi detida. A quadrilha do traficante, espalhada por vários países, é acusada de ter envolvimento em pelo menos 315 homicídios.

Além do casal, a PF prendeu mais 11 pessoas — nove brasileiros e três colombianos — que integravam o grupo. As prisões foram efetuadas em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Ainda estão sendo feitas buscas no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Quatro traficantes estão foragidos. Abadía, que é sócio do colombiano Diego Sánchez, também procurado pelo governo dos Estados Unidos, já havia passado pelo Sul do país antes de morar em São Paulo. A polícia batizou de Farrapos a operação que levou o traficante à prisão, em alusão à Guerra dos Farrapos, ocorrida no século XIX no Rio Grande do Sul.

História

Desde que começou a comandar o cartel colombiano do Norte Vale, no início da década de 90, Abadía é tido como o mais influente traficante em todo o mundo. No Brasil, comandava 16 empresas como fachadas para "lavar" dinheiro, a maioria no ramo de venda de carros de luxo, importação e exportação e até uma fazenda de piscultura. Todas em nome de "laranjas".

A polícia ainda fechou o cerco em outras mansões do traficante. No condomínio Porto do Frade, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, a PF apreendeu uma lancha Intermarine de 52 pés, avaliada em R$ 3 milhões. A polícia ainda descobriu uma fazenda em Minas Gerais, onde o traficante criaria milhares de cabeças de gado. "O negócio dele era ficar longe da droga. Ele preferia ficar com a vida de milionário, apenas tocando as empresas com dinheiro do tráfico", disse ontem o delegado de Repressão a Entorpecentes de São Paulo, Fernando Franceschini, que ficou à frente das investigações.

Rota

No Brasil desde 2005, o traficante criou uma rede de negócios. À distância, era ele quem controlava o destino da droga e o fluxo de dinheiro envolvido nas operações. O esquema funcionava da seguinte maneira: a cocaína refinada no cartel Norte Vale, Colômbia, seguia para países da Europa e Estados Unidos. O dinheiro, no entanto, seguia para empresas controladas pela quadrilha na Espanha e no México. De lá, dólares eram transferidos para o Uruguai, em contas oficiais no Banco da República e chegavam "limpos" no Brasil — via as suas 16 empresas. Em entrevista a uma rádio da Colômbia, o ministro da Defesa daquele país, Juan Manuel Santos, disse que Abadia será extraditado do Brasil diretamente para os Estados Unidos.

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