Joana Batalha Ignácio, psicóloga e agente da Polícia Federal de Manaus, morta aos 28 anos na tragédia da Gol, é mais uma vítima da pilhagem aos mortos do vôo 1907. O controle financeiro das lojas Riachuelo informou ontem ao tio de Joana, o advogado Luiz Gonzaga Faria, que o nome da sobrinha consta do cadastro de devedores da empresa. De acordo com os registros contábeis da Riachuelo, ela está inadimplente há exatos 277 dias, pela compra não quitada no valor de R$ 109,14, que teria feito em Manaus, no dia 3 de janeiro, 65 dias após sua morte.
O caso foi descoberto pela família da vítima no dia 18 de julho, quando a mãe de Joana, Maria de Fátima Batalha, recebeu em sua casa, em Belo Horizonte, um telefonema de cobrança. Espanto semelhante foi experimentado pela filha de outra vítima do vôo, em Brasília. Em 27 de junho, Catherine Rickli soube, também por telefone, que um falsário financiara um carro em nome de sua mãe, Maria das Graças Rickli, e não pagara. O Ministério Público do Distrito Federal mandou instaurar inquérito para apurar este caso.
Faria, que mora em Santos e é também o advogado da família, diz que sua irmã, a mãe de Joana, ficou desorientada com a perda da única filha no acidente. Ele não tem dúvidas de que o golpe dado em nome da sobrinha, em Manaus, é resultado da pilhagem às vítimas.
Em contato telefônico com a Riachuelo, ontem à tarde, Faria soube que, mesmo depois do comunicado da morte da sobrinha Joana continua cadastrada como inadimplente. "Eles exigem que minha irmã vá a uma das lojas da empresa e apresente o atestado de óbito para dar baixa na dívida, mas eu a desaconselhei a fazer isto porque ela está muito abalada", conta o advogado.
A família de Graça Rickli teve mais sorte. Assim que a Finasa soube que financiara um carro para a vítima da Gol, encerrou o processo e considerou quitado o empréstimo de R$ 20,4 mil.
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