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Visita de Santos Dumont ao Paraná, em 1916, ajudou a fazer aumentar o interesse pela aviação no estado | André Rodrigues / Gazeta do Povo
Visita de Santos Dumont ao Paraná, em 1916, ajudou a fazer aumentar o interesse pela aviação no estado| Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo

Ponte aérea

Aerolloyd Iguassú foi a primeira companhia a operar no estado

A primeira companhia aérea paranaense funcionou no mesmo espaço do aeroclube do Paraná, onde hoje é o aeroporto do Bacacheri, na capital. Criada pelo Decreto 22.878 de 30 de junho de 1933, a Aerolloyd Iguassú teve a permissão para estabelecer tráfego aéreo em território nacional.

A pequena empresa, que contava com três aeronaves, foi a quinta companhia do país a realizar viagens para diferentes cidades. Segundo o pesquisador Adil Calomeno, a Aerolloyd já havia executado em 1932 alguns voos de Curitiba a Joinville. "A empresa fazia voos de Curitiba para Foz do Iguaçu e também até Blumenau e São Paulo", relata.

A Aerolloyd era de propriedade da empresa Matte Leão. Todos os voos eram realizados no aeroporto do Bacacheri. Os aviões da empresa não tiveram tempo de conhecer o Afonso Pena, construído em 1944. Isso porque em 1939, por dificuldades financeiras e falta de profissionais especializados, a Aerolloyd foi adquirida e incorporada pela Vasp. "Desde aquele tempo se ocorriam fusões entre companhias aéreas", lembra Calomeno.

Pedaços da história

Confira algumas curiosidades que marcaram o desenvolvimento da aviação paranaense:

Contestado

Durante a Guerra do Contestado, foi buscado usar o avião com fins militares pela 1ª vez no Brasil. Construíram campos de pouso em Rio Negro, Caçador, Santa Maria, Canoinhas e União da Vitória, onde era a base das operações áreas com três wwwhangares. Em 1915, o avião pilotado pelo tenente Ricardo Kirk caiu quando se dirigia de União da Vitória a Caçador, onde seria municiado com bombas para lançar sobre o reduto de Santa Maria. Mas o avião bateu na copa de um pinheiro e o piloto morreu.

Zeppelin

Na década de 30, um Zeppelin alemão sobrevoou a cidade de Curitiba e atraiu os olhares dos curiosos. O Zeppelin correspondia a um dirigível utilizado para o transporte de passageiros.

Motor

Está exposto no saguão do Aeroclube Paranaense o primeiro motor de avião fabricado em solo paranaense. O feito ocorreu em 1943 e foram construídos apenas dois motores. A fabricação foi realizada pela Fábrica de Viatura de Curitiba, que pertencia ao Exército.

Réplica

Há uma réplica no aeroclube do Demoisselle, avião criado por Santos Dumont em 1907. O avião é considerado um dos melhores construídos pelo inventos brasileiro. A réplica foi construída em parceria com alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

  • Biplano francês cujo trem de pouso era composto por rodas de bicicleta
  • Acervo do aeroclube tem avião de 1935: para sair do chão, só com a ajuda da manivela
  • Imagem do Aeroclube do Paraná da década de 60
  • Um dos diretores do aeroclube, Luiz Carlos Fernandes, ao lado do primeiro motor de avião fabricado no Paraná em 1943
  • Zeppelin sobrevoa Curitiba nos anos 30
  • Avião de 1935. Motor funciona movido à manivela
  • Réplica do Demoisselle, avião criado por Santos Dumont em 1907

Após se formar pela Escola de Aviação da Força Pública de São Paulo, em 1920, o capitão João Busse conseguiu a façanha de ser o primeiro piloto paranaense. No ano seguinte, ele se preparou para marcar definitivamente seu nome na aviação do estado. Natural de Votuverava (atual Rio Branco do Sul), Busse planejou sair de Campinas e chegar até Curitiba. A ideia era realizar paradas, passando por Castro e Ponta Grossa.

FOTOS: Slideshow com imagens que contam a história da aviação no Paraná

Mas a precariedade do avião mudou o rumo da história. A aeronave não apresentava freios e nem marcha lenta, o que tornava as manobras no solo extremamente difíceis. O trem de pouso era composto por quatro rodas de bicicleta. O motor do avião biplano de fabricação francesa apresentou problemas no ar entre Campinas e Itapetininga.

Foram quase sete dias para buscar sanar as falhas. No dia 30 de maio de 1921, Busse conseguiu partir. Mas a certa altura o motor perdeu potência e durante o pouso de emergência o avião capotou. Os ferimentos foram gravíssimos e Busse morreu no dia seguinte em Itapetininga.

Esse poderia ser um fim trágico para a história iniciada sete anos antes. Em 1914, o céu curitibano foi palco do primeiro voo realizado no estado. Adeptos da aviação acompanharam atentos cada movimento do paulista Cícero Arsênio Marques. O aeroplano "Bahiano" subiu 320 metros, contornou as torres da Catedral, fez algumas acrobacias no ar e pousou no hipódromo do Prado Velho.

Visita ilustre

A motivação aumentou dois anos depois quando um dos pais da aviação, Alberto Santos Dumont, visitou o Paraná. Ele passou por Foz do Iguaçu e Curitiba. Foi lançada uma campanha para a doação de um avião para o Paraná e, somente em 1918, com 18 contos de réis, o primeiro aeroplano foi obtido pelo estado.

"A compra do avião serviu de inspiração para criar a Escola Paranaense de Aviação em 1918", conta o pesquisador Adil Calomeno. A escola, composta por civis e militares, foi tomada por um incêndio em 1927. Nesse ano, já eram dois aviões e ambos foram danificados pelo fogo.

Os adeptos da aviação não se intimidaram e continuaram se reunindo na capital do estado. O clima tenso na política, com a subida ao poder de Getúlio Vargas em 1930 contribuiu para o cenário. Foi criado um serviço de aviação militar no estado, para dar apoio a Vargas. Os dois aviões nunca chegaram a ser usados em ações militares e acabaram virando atração em voos de demonstração.

A reunião entre pilotos e adeptos da aviação se intensificou. "Foi o momento em que a ideia de formar um aeroclube amadureceu. Assim, a história da aviação no estado se consolidou", conta Calomeno. O aeroclube do Paraná, criado em 1932, em Curitiba, foi o 3.º do mundo, atrás do de Paris e do Rio de Janeiro. No primeiro ano de existência eram 104 associados e apenas um avião.

Acervo reconta história da aviação

A sede do aeroclube do Paraná, no aeroporto do Bacacheri de Curitiba, guarda memórias do passado. Em um saguão existem dezenas de imagens que marcaram a trajetória da entidade, que se confunde com o desenvolvimento da aviação no estado.

Fundado em 1932, a história do aeroclube está ligada à organização da aviação militar. Em 1937, foi criado no mesmo espaço o 5º Regimento de Aviação. Em 1941, o regimento foi incorporado à recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB). "Isso fortaleceu a aviação no estado e o próprio aeroclube", conta o diretor da entidade Luiz Carlos Fernandes de Souza Filho.

Se o começo contou com apenas um avião, hoje são 22 aeronaves. Dentre delas, existem duas da década de 30. A mais antiga, de 1935, não possui proteção superior na cabine e a partida é dada na base da manivela. "O piloto tem que girar a manivela para fazer o motor funcionar", explica Luiz Carlos. Segundo ele, esse avião foi usado por militares para treinamento para a Segunda Guerra Mundial.

O diretor relata que ao longo dos 81 anos de história do aeroclube, foram formados mais de 22 mil tripulantes. "Hoje nós também promovemos a atividade aeronáutica a fim de mostrar à população a importância do avião para o desenvolvimento do país", salienta.História da aviação no Paraná

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