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Brasília – Waldir Pires assume amanhã um Ministério da Defesa sob pressão das tropas por mais recursos. Um documento interno do ministério aponta para um segundo semestre caótico para as Forças Armadas. O relatório lista os principais reflexos do limite orçamentário em ações e operações do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Dos R$ 10,8 bilhões pedidos pelo seu antecessor José de Alencar para o Orçamento de 2006, a área econômica cortou a proposta para R$ 4,4 bilhões.

A Secretaria de Organização Institucional do Ministério da Defesa relaciona 22 ações e programas das três forças que serão atingidos. A falta de recursos poderia inclusive obrigar o governo a retirar as tropas brasileiras do Haiti, desativar o Programa Antártico, suspender o programa nuclear e a construção de um submarino e de uma corveta e até engavetar o renascido Projeto Rondon. O documento prevê ainda que, com este orçamento, o Exército brasileiro terá uma redução em mais de 50 mil recrutas, que deixarão de prestar o serviço militar. Os Tiros de Guerra de 247 cidades não terão condições de incorporar esses jovens. "Prejuízos para os jovens em prestação de serviço militar, assim como para a segurança dos aquartelamentos", diz o documento.

Orçamento

Integrante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), disse que, diante da redução do orçamento dos militares, é necessário rediscutir o papel que as Forças Armadas exercem no país. Ele lembrou ainda que outros projetos, como o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), não estão funcionando plenamente por falta de dinheiro.

O deputado critica a escolha de prioridades adotada pelo governo brasileiro no setor. Na opinião dele, não era o momento de se mandar um astronauta brasileiro para o espaço. Gabeira considera um desperdício o governo desembolsar US$ 10 milhões para pôr em órbita o astronauta Marcos Cesar Pontes, que esta semana embarcou rumo à estação espacial internacional.

"É uma odisséia que tem mais valor publicitário do que científico. Esse dinheiro poderia estar sendo utilizado para cobrir deficiências reais das Forças Armadas", disse Fernando Gabeira.

O governo, segundo as previsões do documento, não terá como pagar os contratos assinados com fornecedores nacionais e internacionais, o que irá causar "prejuízos para a credibilidade do país e das Forças Armadas, especialmente junto à Embraer e países estrangeiros". O renomado Instituto Militar de Engenharia (IME) poderá fechar os cursos que oferece aos alunos civis.

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