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Superlotação, falta de estrutura e demora fazem parte da rotina das linhas metropolitanas de Curitiba. Milhares de pessoas têm seu tempo e saúde tragados pela ineficiência do sistema | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Superlotação, falta de estrutura e demora fazem parte da rotina das linhas metropolitanas de Curitiba. Milhares de pessoas têm seu tempo e saúde tragados pela ineficiência do sistema| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Com a palavra

A Urbs

A tarifa técnica da Rede Integrada de Transportes – a que é repassada às empresas por passageiro pagante – está em R$ 3,18. Esse valor é a média ponderada das tarifas técnicas da rede urbana (que circula apenas em Curitiba – R$ 2,93) e da rede metropolitana integrada (R$ 4,07).

A Urbs contesta a Comec. Diz que o estudo ouviu apenas passageiros embarcados.

A Comec

Aceitava valores dados pela Urbs. Depois de uma pesquisa origem-destino concluída, passou a afirmar que esse custo é de R$ 2,85. Não informa como chegou a esse valor. O objetivo do governo é reduzir o seu subsídio mensal. Nos últimos dois meses, foram repassados R$ 12,5 milhões. Antes do reajuste de novembro – o valor médio mensal era de R$ 7,5 milhões.

Empresas dizem buscar o melhor para clientes

Procurado pela reportagem, o Setransp informou que estuda meios de melhorar a vida dos passageiros e propõe soluções.

A entidade cita como exemplo a linha Colombo-CIC, que, mesmo tendo a maior frota da rede, recebeu o reforço da linha Guaraituba-Cabral, para desafogar a superlotação em horário de pico.

Cita ainda o ônibus articulado, na linha Pinhais-Capão da Imbuia, que serve para desafogar a Pinhais-Campo Comprido. Sobre o tempo de espera, o órgão disse que a programação é de responsabilidade da Urbs.

Procurada pela reportagem, a empresa responsável pelo gerenciamento da rede disse que os horários sempre são estabelecidos de acordo com a demanda da linha. Na resposta, porém, a Urbs não falou especificamente sobre os problemas apontados pelos usuários.

Já sobre a idade dos veículos, o Setransp disse que repassou a reclamação às empresas operadoras das linhas citadas na reportagem.

  • Desleixo no Terminal do Alto Maracanã, em Colombo
  • Cena comum: cachorros abandonados dormem no Terminal do Alto Maracanã
  • Ônibus lotado na linha que liga ao Alto Maracanã: sufoco diário
  • Pichação aumenta cenário de decadência. Na foto, linha Colombo-Guaraituba
  • Superlotação no ônibus que liga Pinhais a Curitiba
  • Terminal do Pinheirinho em dias comuns: mais gente do que capacidade
  • Terminal do Pinheirinho: atrasos e espaços de tempo entre as linhas são reclamações recorrentes
  • Terminal Tamandaré-Cachoeira: abandono e informalidade
  • Cachorros vivem no Terminal Tamandaré-Cachoeira
  • Pichação no Terminal Tamandaré-Cachoeira: sensação de insegurança e abandono
  • Banheiro na linha Tamandaré
  • Estação-tubo na Praça Tiradentes: filas ocupam a praça
  • Superpopulação nos tubos da Tiradentes causam mal-estar a passageiros
  • Tudo da Tiradentes são exemplo do atendimento precário a usuários

As linhas metropolitanas integradas – consideradas as vilãs da tarifa – têm qualidade inversamente proporcional ao custo conferido a elas pelos gestores do transporte público de Curitiba e região metropolitana. A reportagem da Gazeta do Povo viajou nas 13 linhas metropolitanas que mais transportam passageiros para cada uma das cidades integradas e encontrou superlotação, elevado tempo de espera e veículos velhos.

INFOGRÁFICO: Veja os dados das 13 linhas metropolitanas que mais transportam passageiros

Foram levadas em consideração as linhas que mais transportam passageiros por dia útil. Em Pinhais, por exemplo, a Gazeta do Povo viajou na linha Campo Comprido-Pinhais. Transporta 21 mil passageiros por dia – a mais movimentada das 106 metropolitanas integradas. Mas há usuários que a utilizam apenas dentro de Curitiba.

Para quem sai do centro de Curitiba com destino a Pinhais, a linha que vem de Campo Comprido é a mais rápida. O problema ali é o embarque na estação tubo da Praça Tirantes. Muitas vezes, o ônibus já vem cheio e a fila é quilométrica. No terminal metropolitano, nova dor de cabeça com os alimentadores integrados.

"Tenho até dó de quem precisa dessas linhas no horário de pico", lamenta a vendedora Lindamira Rodrigues, 48 anos, que trabalha em Curitiba e utiliza o alimentador Planta Karla.

Estrutura

Devido às longas distâncias percorridas por essas linhas, a estrutura viária também é problema recorrente. Sem corredores exclusivos para a maioria dos municípios vizinhos, passageiros enfrentam longos congestionamentos. A linha Curitiba-Araucária, por exemplo, tem trajeto mais curto que a de Campo Largo e leva quase o dobro do tempo.

"Demoro quase uma hora no trajeto. Deveriam priorizar o transporte público, porque é mais justo com a cidade", diz um motorista da Linha Araucária-Curitiba.

Isso não quer dizer que Campo Largo esteja longe de queixas. Apesar de elogiar a velocidade dos ligeirinhos que a levam para casa, Lucília Rocha, 66, reclama da frequência nos fins de semana. "Aos sábados, dia em que quase todo mundo trabalha, tiram os articulados e colocam o povo de dois ônibus em um", protesta a auxiliar de serviços gerais.

De modo geral, a reportagem encontrou nessas 12 linhas veículos com idade inferior ao máximo previsto em contrato – que é de dez anos. Mas motoristas relataram que essa não é a regra na Região Metropolitana. "A idade de muitos carros venceu faz tempo", diz um profissional da linha 923 – que liga Campo Magro a Santa Felicidade. Outro motorista vai além. "Temos carros da década de 90 rodando em algumas cidades", informa o profissional.

"Tomei chuva no ônibus", diz pedreiroUm dos municípios integrados mais distante de Curitiba é Contenda. Chegar lá pagando R$ 2,85 só é possível com a integração em Araucária. Opção que é arriscada, segundo o pedreiro Valdomiro Cordeiro, 59 anos.

"Chega lá [Em Araucária] e os horários não batem. Tem de esperar tudo de novo", diz Cordeiro, comparando a opção com a Linha R71 -- que parte da Alameda Doutor Muricy.

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