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PMs reclamam de abusos na corporação: um soldado que fez tatuagem recente teve de se reportar à Corregedoria do órgão | Henry Milléo/Gazeta do Povo
PMs reclamam de abusos na corporação: um soldado que fez tatuagem recente teve de se reportar à Corregedoria do órgão| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Policiais militares e bombeiros farão, na manhã deste sábado (18), uma manifestação contra os excessos estabelecidos pela corporação militar, como a censura do aplicativo WhatsApp, orientações contra tatuagens e perseguições em razão de protestos ocorridos na Operação Verão por atrasos no pagamento de diárias. O movimento vai começar na Boca Maldita, às 10h. O grupo deve caminhar até a Praça Santos Andrade.

Segundo o presidente da União das Praças do Corpo de Bombeiros, Henri Francis, há dezenas de pautas, como a falta de pagamento de promoções e progressões da carreira, mas o momento é para questionar a pressão que o estado tem feito contra categoria.

“É preciso rever toda essa regulamentação que mantêm esses abusos contra a base”, diz. O mote do protesto é “Paz Sem Nós é Medo”. Francis conta que chegou ao limite e citou um caso como exemplo.

“Conheço um bombeiro que teve contra si aberta uma sindicância por não ter pedido licença para sentar na hora do almoço. Outro por não ter batido continência. Isso é assédio explícito”, contou.

Ele ressalta a importância de rever todo esse sistema que oprime os policiais e bombeiros militares. “Como pregam os direitos humanos se eles não são respeitados dentro das instituições? Isso gera um problema grave no atendimento da população”, avalia.

Os manifestantes colocam em xeque os regulamentos militares. Destacam, inclusive, que a Constituição Federal precisa prevalecer sobre essas normas internas. Francis lembra que o artigo 5º da Constituição determina que “todos são iguais perante a lei”.

Perseguições

A reportagem localizou dois policiais que se sentem perseguidos em razão de suas escolhas particulares. Os dois pediram para não terem o nome revelado para evitar qualquer retaliação. O primeiro é um soldado lotado em Curitiba que, recentemente fez uma tatuagem tribal no braço direito. Ele conta que foi chamado na Corregedoria da PM no mês passado para explicar o desenho, feito há seis meses.

“Cheguei na sala, o oficial viu a tatuagem e perguntou se eu pedi para meu comandante a autorização para fazê-la”, relata. De acordo com ele, minutos depois, o oficial se dirigiu a outro policial: “Olhe para ele e fale o que tem de errado”. O policial respondeu que era a tatuagem, segundo o soldado. O oficial teria repetido o procedimento mais uma vez. Em seguida, teria falado que tatuagem é “coisa de bandido”. “Vou levar para o judiciário. Tenho passado vergonha entre os meus próprios colegas por isso. Me afetou muito”, desabafa o soldado.

Outro policial que conta ser alvo de perseguição foi recentemente transferido de unidade como uma suposta punição velada. Ele afirma que há suspeitas que ele tenha vazado para a reportagem da Gazeta do Povo um requerimento feito por policiais militares durante as manifestações dos professores em frente à Assembleia Legislativa em fevereiro deste ano, em que reclamam de jornada excessiva. “Naquele dia, fizemos requerimento coletivo e depois o protocolo devolveu para cada policial”, disse. Segundo ele, só questionavam o que era de direito dos policiais.

PM e Secretaria da Segurança Pública

Sobre tatuagens, a Polícia Militar informou, por meio da assessoria de imprensa, que há uma norma de 2006 que regulamenta e orienta o uso dos desenhos. De acordo com a nota, os policiais que foram admitidos com tatuagem podem mantê-las desde que fiquem cobertas pelas peças do fardamento. As tatuagens, no entanto, não podem ter características “contrárias aos princípios da disciplina militar, bem como a aceitação social para esta profissão”. Em relação a sindicância aberta para apurar o caso deflagrado na manifestação dos professores, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária explicou que o procedimento foi aberto para investigar o objeto das reclamações e não o vazamento.

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