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Dos 18 PMs envolvidos em supostos abusos de autoridade, dois foram expulsos

Nos últimos oito meses, pelo menos cinco casos envolvendo suposto abuso de autoridade e violência cometidos por policiais militares chamaram a atenção da população paranaense e assustaram principalmente Curitiba e região. Dos 18 envolvidos em casos polêmicos, dois foram expulsos da corporação e respondem a processos criminais. Os outros 16 estão, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp), afastados das ruas e realizando serviços administrativos.

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Vítima teria ameaçado os policiais

O advogado dos policiais militares, Artur de Abreu, tem uma versão diferente para o episódio. Segundo ele, o dentista Frederico Deliberador teria se negado a cooperar e desacatado os policiais durante a abordagem. "Por esse motivo ele foi preso", explica. O advogado afirma que não foi desferida nenhuma coronhada e que o dentista teria se ferido ao entrar no carro da polícia.

Para Abreu, o que houve foi uma inversão de culpados motivada por pressões externas. "No auto de prisão lê-se que a decisão partiu do secretário de Segurança Pública [Luiz Fernando Delazari]. Isso mostra que a decisão partiu de cima, a partir de uma série de ligações telefônicas", afirma o advogado, para quem o fato de Deliberador ser irmão e filho de promotores de justiça viciou o caso. "A todo momento o rapaz afirmou aos policias que tinha parentes promotores e os ameaçou, dizendo que ia ferrá-los."

O coronel Marcos Scheremeta, que efetuou a prisão dos PMs, afirma que não houve nenhum tipo de direcionamento na sua decisão, mas admite que foi informado do caso pelo seu superior, o coronel Amaro do Nascimento Carvalho, comandante do policiamento da capital.

Quatro policiais militares do 17.º Batalhão foram presos, em flagrante, na noite de quarta-feira, acusados de terem agredido o dentista Frederico Ribeiro Deliberador, de 24 anos, durante uma abordagem policial. Os soldados Márcio Henrique Santana, Celso Antônio Bernatzki, Juraci Pereira Calado e José Afonso Pereira, acusados do crime, estão detidos na sede do 17.º Batalhão e serão julgados pela Justiça Militar.

Em seu depoimento, Deliberador afirma que ele e a mãe teriam sido abordados, por volta das 20 horas de quarta-feira, quando trafegavam pela Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba. O Corsa que o dentista ocupava recebeu sinal de luz de uma viatura e parou no encostamento. Os policiais teriam dado ordem para que Deliberador saísse com as mãos para cima e encostasse no capô do veículo.

O dentista afirma, em seu depoimento, que questionou o motivo da abordagem e se negou a encostar no veículo com as mãos para cima. O rapaz também teria colocado seus documentos sobre o veículo e, após se identificar como dentista, questionou o tratamento que recebia. Nesse momento, Deliberador afirma ter sido detido por um dos policiais com uma gravata e algemado. Ao ser conduzido para a viatura, ele teria levado uma coronhada do policial identificado como Celso Bernatzki.

O tenente-coronel Marcos Scheremeta, comandante do 17º. Batalhão e responsável pela decisão de prender em flagrante os quatro policiais, disse que houve exagero na ação dos soldados. "Tínhamos cinco policiais cuidando de uma pessoa algemada. Não havia porque dar uma coronhada em alguém sem defesa", ressalta. No depoimento, o dentista isenta de culpa um dos soldados que o abordaram.

Com o episódio desta quinta-feira, já são cinco os casos de abuso de autoridade e violência que teriam sido cometidos por policiais militares durante abordagem em menos de um mês. Pelo menos 18 PMs estão sendo investigados pelo Comando da Polícia Militar.

No último fim de semana, um estudante universitário, que não quis se identificar, foi abordado por quatro policiais na Avenida das Torres, em Curitiba. Ele e um amigo teriam sido agredidos física e moralmente pelos soldados, que também integram o 17.º Batalhão da PM. Na última segunda-feira, foi aberto um inquérito para investigar o caso. "Estamos agindo com coerência. Todas as denúncias de abuso serão investigadas e, quando houver confirmação, os responsáveis serão punidos", salientou Scheremeta.

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