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Fabricante dá bom exemplo

O programa Rodando Limpo, da fabricante de pneus BS Colway, foi apresentado ontem como exemplo aos representantes de empresas do ramo automotivo que participaram da audiência pública organizada pelo Ministério Público do Paraná e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em Curitiba. Em cinco anos de projeto, já foram recolhidos e destruídos cerca de 13 milhões de pneus em todo o Paraná. Somente em 2006, foram 4,3 mil toneladas de lixo. O projeto-piloto começou em Curitiba como forma de se combater focos de dengue e se expandiu para Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel.

O material retido é encaminhado para a Votorantim Cimentos, onde é usado como fonte de energia ecológica para a fabricação de aço. A gerente do programa, Janaína Peres, explica que o Rodando Limpo conta com a participação de 600 famílias em todo o estado que ganham entre R$ 0,40 e R$ 2 para cada pneu entregue. "Isso acaba dando um rendimento médio de cerca de R$ 600 mensais a cada uma delas", reitera o presidente da empresa, Francisco Simeão. O programa também tem a colaboração de empresas doadoras que recebem certificados de destinação de pneus inservíveis para a reciclagem.

Empresas do ramo automotivo receberam ontem, em uma audiência pública em Curitiba, um ultimato do Ministério Público do Paraná e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) para que encontrem soluções para resolver o problema da poluição causada por pneus velhos jogados no meio ambiente. "Em todo o país, por ano, são produzidas 35 milhões de toneladas de pneus inservíveis", diz o coordenador do programa estadual Desperdício Zero, Laerty Dudas. "Não se sabe a quantidade de pneus que se encontra no passivo ambiental", acrescenta o presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), Walter Tegani.

O objetivo do poder público é fazer com que fabricantes e revendedoras de pneus e concessionárias e montadoras de veículos se organizem para criar pontos de coleta de pneus usados. Com isso, o material poderia ser reaproveitado, como em asfaltamento ecológico, tapetes de automóveis, solados de sapatos ou fonte de energia alternativa. "Nós queremos uma certificação da destinação desses pneus (para a reciclagem) para que diminua a destinação ao borracheiro, que tem outras funções e não a de depósito de pneu usado", diz o secretário Rasca Rodrigues, da Sema.

Segundo o procurador de justiça Saint-Clair Honorato Santos, as empresas já haviam sido notificadas sobre o problema ambiental em outubro de 2006. Entretanto, na época, o retorno da maioria foi de que elas não se consideravam responsáveis pelos pneus inservíveis. "Agora, eles (participantes da audiência) não demonstraram muita contrariedade. Podemos então fazer um levantamento mensal ou anual para verificar quem está cumprindo a lei", afirma Santos. O procurador explica que a destinação inadequada de resíduos sólidos é crime de poluição ambiental previsto na Lei de Crimes Ambientais. A multa pode chegar a R$ 50 milhões. A primeira inspeção deve ocorrer no fim deste ano.

Lucro

Uma das principais preocupações dos empresários está relacionada com a participação do consumidor nesse processo. "Primeiro é preciso criar a cultura de se devolver pneus. Depois isso (a criação de pontos de coleta de pneus) pode até criar uma oportunidade para as concessionárias por aumentar o fluxo de pessoas nas lojas", comenta o gerente de uma concessionária, Carlos Bezerra. "A educação ambiental tem de ser lenta e gradual, sem ofender o consumidor que deve ser conscientizado. Queremos que se torne um compromisso ambiental", ressalta o presidente da Anip.

O gerente de outra concessionária, Inrri Moscheto, lembra que também existe um mercado de pneus usados por trás disso tudo – borracharias que compram esses pneus para revender a outros motoristas. Um pneu tem vida útil estimada em cerca de cinco anos. "É preciso criar uma lei que obrigue o consumidor a deixar o pneu usado para cada novo comprado", defende o gerente. Santos descarta essa idéia por já existir uma lei de crimes ambientais.

De acordo com o gerente regional da D’Paschoal, Gilmar Meneghini, a empresa já vem recolhendo pneus inservíveis desde 2000. Mas ele estima que cerca de 40% dos clientes não deixam os pneus usados na loja para a reciclagem. "Esse é o mínimo que podemos fazer", conclui.

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