Estudo da FGV mostra que caiu a diferença entre ricos e pobres e nível de pobreza| Foto:
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Desde a criação do Plano Real, em 1994, a pobreza no Brasil caiu 67% e a desigualdade de renda diminuiu entre as regiões do país e entre critérios como cor, gênero e anos de estudos. Enquanto os 20% mais ricos da população tiveram um aumento na renda de 8,8%, entre os mais pobres o valor foi de quase 50%. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Ge­­tulio Vargas (FGV) e revelam que a estabilidade econômica e as políticas sociais foram definitivas para a redução do abismo social no país.

O estudo mostra também a diferença entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. No período de 1994 a 2002, a queda da pobreza foi de 32% e a partir de 2002 chegou a 50%. Com esses valores, o Brasil conseguiu cumprir o primeiro Objetivo do Milênio das Nações Unidas, que era reduzir a pobreza pela metade em 25 anos. O país precisou de apenas 8 anos para fazer isso.

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O coeficiente de Gini, indicador mundial que mede a desigualdade dentro dos países, chegou ao menor patamar da série histórica no Brasil. Desde a década de 60 o valor não era tão baixo. O índice brasileiro está em 0,5304. Quanto mais próximo do número um, maior a desigualdade. "Acredito que ainda vai demorar mais uns 30 anos para que possamos chegar aos níveis dos EUA [que é de 0,42]", estimou Marcelo Neri, autor da pesquisa da FGV.

Para o pesquisador, o aumento da escolaridade e o crescimento dos programas sociais do governo foram os principais responsáveis pela queda da diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres entre 2001 e 2009. "Isso mostra que a China não é aqui", afirmou. E completou: "O grande personagem dessa revolução é o aumento da escolaridade. Mas, ainda temos a mesma escolaridade do Zimbábue", mostrando que há um longo caminho a ser percorrido.

A redução da desigualdade se manteve estável durante a última década, o que pode garantir o mesmo ritmo nos próximos anos. Além disso, diferenças históricas do país estão sendo quebradas. Entre as regiões, por exemplo, o Nordeste observou um crescimento de 42% na renda enquanto no Sudeste a alta ficou em apenas 16%. No Maranhão, o estado mais pobre apontado na pesquisa, cresceu 46%, enquanto em São Paulo, o estado mais rico, 7%.

As desigualdades entre homens e mulheres também caíram nos últimos dez anos, apesar de trabalhadores do sexo masculino ga­­nharem R$ 807, face aos R$ 468 recebido por elas. Entre as raças, pessoas de cor negra tiveram incremento de 43%, pardos de 49% e brancos de 20%. A renda dos analfabetos cresceu 47% entre 2000 e 2009, enquanto a renda das pessoas com ensino superior incompleto caiu 17%.

Segundo Neri, não é uma década excepcional em termos de aumento de renda, mas, em termos de redistribuição de renda, os números surpreendem. "A desigualdade segue em queda, inclusive com mais força."

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Para chegar a esses índices, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domi­cílios (Pnad) e da Pesquisa Mensal de Emprego, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e também o Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda entre os indivíduos.