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Ponta Grossa – A contagem divulgada ontem pelo IBGE reforça a tendência de diminuição das pequenas cidades. Para o doutor em Demografia pela Universidade de Campinas (Unicamp), Ricardo Rippel, o total de habitantes se manteve em crescimento moderado por causa da taxa de natalidade em queda e da redução do movimento migratório para outros estados. A perspectiva de concentração em cidades pólo também é uma característica confirmada pela contagem do IBGE. "O Paraná vem mantendo as mesmas regiões-pólo há um bom tempo, desde o final da década de 80", avalia.

Mestre em Desenvolvimento Econômico, o demógrafo não analisa apenas os números frios do IBGE. Ele acredita que a contagem da população poderia apresentar números bem diferentes se o sistema público de saúde funcionasse bem no Brasil. O crescimento populacional seria maior, porque o país ainda não tem um quadro de redução de população. O esvaziamento das pequenas cidades, como reflexo da mecanização agrícola, ainda marca o interior do estado. "Um trator desemprega até 19 pessoas. Com isso as pessoas saem do meio rural para buscarem melhores condições de vida. As cidades pólos atraem o que bom e o que ruim e assim cresce o desequilíbrio", salienta.

No Paraná, é muito comum o movimento intra-estadual. As pessoas hoje preferem continuar no mesmo estado porque buscam áreas próximas, que facilitem visitas aos parentes e o retorno, em caso de desilusão. A tendência de polarização parece irreversível, na opinião de Rippel, e muitas dessas cidades não estariam se preparando para receber os novos moradores. As pessoas mudam de cidade em função da região que oferece mais atrativos, mercado de trabalho, estudo, etc.

As regiões que perdem população geralmente estão com grandes problemas econômicos, na análise do demógrafo. "Quanto maior a cidade, mais oportunidades de trabalho. As pessoas não conseguem mais ficar no campo porque o custo da produção aumentou muito", pondera. O aparelhamento público das cidades que perdem geralmente é marcado por serviços de saúde insuficientes e escola ruim, por exemplo. Já os municípios que conseguiram frear a redução no número de habitantes, além de estratégias de desenvolvimento econômico teriam se preocupado com qualidade de vida. O custo de vida menor, a facilidade de locomoção e a tranqüilidade dos pequenos municípios são fatores, na opinião de Rippel, que podem fixar o morador em uma cidade pequena. (KB e GI)

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