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Daniel Fernandes foi preso no interior de São Paulo, prestou depoimento em Campo Mourão e foi transferido para Curitiba | Dirceu Portugal/ Gazeta do Povo
Daniel Fernandes foi preso no interior de São Paulo, prestou depoimento em Campo Mourão e foi transferido para Curitiba| Foto: Dirceu Portugal/ Gazeta do Povo

Resgate

Criminoso fugiu duas vezes de cadeias no Paraná

Condenado por roubo, Daniel Antônio Fernandes vivia escondido no interior paulista trabalhando como pedreiro e exercia um cargo de ministro obreiro na igreja evangélica onde morava. "Ele esperava que as penas fossem prescritas, mas acabou sendo descoberto através das redes sociais", comentou o subcomandante do 11º Batalhão da Polícia Militar de Campo Mourão, major Virgulino Alves da Silveira.

Fernandes foi preso pela primeira vez em 13 de fevereiro de 1998, depois de assaltar uma agência do Banestado no município de Roncador. Condenado a 6 meses de prisão, foi resgatado 20 dias depois por um bando armado, que invadiu a cadeia pública de Boa Esperança, na região central do estado.

Três meses depois, a quadrilha de Fernandes invadiu uma agência do Banestado no bairro Santa Cândida, em Curitiba. Durante a fuga, um dos bandidos baleou um capitão da Polícia Militar e uma vendedora de roupas de 53 anos.

Quinze dias após o assalto, Fernandes foi preso novamente e encaminhado à antiga penitenciária do Ahú, em Curitiba, de onde foi novamente resgatado. A quadrilha dele, fortemente armada, usou um caminhão de lixo para quebrar o muro da penitenciária e uma parede do prédio. Durante a fuga, um policial foi morto.

Fernandes ficará preso em Curitiba. Ele responde pelos crimes de roubo, latrocínio e sequestro. O detido prestou depoimento na manhã de ontem, em Campo Mourão, onde responde a um dos processos, e foi encaminhado para a capital. (DP)

A prisão de um ladrão de bancos foragido há 13 anos aponta para uma tendência da segurança pública no mundo: o uso das redes sociais nas investigações policiais. Apesar de alguns casos isolados, o Brasil ainda caminha lentamente nesta área, segundo especialistas. Daniel Antônio Fernandes, 37 anos, foi preso em Valinhos (SP) no último dia 11, depois que um policial militar o encontrou na rede social Orkut e descobriu as placas dos veículos dele. Fernandes, que estava foragido, foi transferido ontem para Campo Mourão, no Norte do Paraná. Wanderson Castilho, diretor da E-Net Security, empresa de segurança da informação, diz que investigações a partir das redes sociais já ocorrem em vários países, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra. O Brasil, no entanto, ainda não prepara os policiais para investigarem nas redes. "Hoje as escolas [de polícia] no Brasil não os preparam para isso", diz. "Como ainda não há uma metodologia, vai da perspicácia de cada delegado ou policial." Para Castilho, todas as delegacias deveriam ter profissionais especializados na área.

Outro problema é a estrutura disponível e as proibições dentro da corporação. O policial militar responsável pela prisão de Fernandes, por exemplo, encontrou o ladrão no Orkut em suas horas de folga. No batalhão em que trabalha, o acesso ao Orkut é bloqueado. O policial, que preferiu ser identificado apenas por Manoel, trabalhou dois meses seguidos em pesquisas nas redes sociais Orkut e Facebook para localizar o foragido.

"Como não é permitido acessar Orkut na corporação, faço a pesquisa nos horários de folga. Não me importo com isso, pois faço o que gosto", comenta Manoel. Segundo ele, descobrir Fernandes foi uma tarefa fácil. "As informações dele no Orkut eram as mesmas que constavam no processo. Mandei um convite [para amizade], ele aceitou e depois disso colhi informações e fotos para confrontar com os dados. Esse não é o primeiro caso que descubro". De acordo com Manoel, quando chegam mandados de prisão, ele faz uma busca na internet em busca de fotos e informações. "É um trabalho interessante, que está ajudando a localizar pessoas com problemas com a Justiça."

Para o delegado da Polícia Civil Francisco Caricati, que investigou na internet a invasão dos torcedores do Coritiba na partida contra o Fluminense, no dia 6 de dezembro de 2009, a rede tem ajudado os policiais e buscar informações. "Muitos crimes são divulgados na internet. Pichadores, por exemplo, fazem muita publicidade", afirma. Caricati defende que a polícia se especialize nessa área. "Alguns policiais já têm treinamento específico, mas a internet ainda precisa ser regulamentada no país."

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