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A Polícia Civil investiga a participação de mais um suspeito no incêndio no prédio do AfroReggae no Complexo do Alemão, na Zona Norte. O fogo atingiu a pousada da ONG e a redação do jornal "Voz da Comunidade". Nesta terça-feira, Wagner Moraes da Silva, que teve queimaduras em 30% do corpo, foi preso, mas o delegado Reginaldo Guilherme, da 22ª DP (Penha), acredita que ele não agiu sozinho.

"Foram retirados o ar-condicionado, microondas, televisão e uma pessoa sozinha não faria essa coisa toda sem ajuda externa", declarou o delegado.

Ainda de acordo com Reginaldo Guilherme, há fortes indícios de que Wagner seria o autor do incêndio. Segundo o delegado, o depoimento de uma testemunha reafirma que a ocorrência pode ter sido criminosa. O jovem está sob custódia da polícia.

"A gente está prendendo o Wagner devido à indícios. Estamos esperando que ele melhore para termos mais informações sobre o incêndio. Uma testemunha contou que o rapaz (a vítima), que não é conhecido na comunidade, teria entrado pelo basculante. Estamos apurando todas as vertentes", disse Reginaldo.

Wagner Moraes da Silva, de 20 anos, foi socorrido por bombeiros do quartel de Ramos e levado para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Saúde, ele está em observação na UTI. Ainda de acordo com a secretaria, o estado de saúde de Wagner é considerado estável. O jovem ferido já tinha passagem pela polícia, quando menor, por dirigir uma moto roubada. O pai do menino está preso há dois meses em Bangu 10, condenado por estupro.

O incêndio ocorreu na madrugada desta terça-feira. Peritos estiveram no edifício, que fica na Rua Joaquim de Queiroz, e encontraram manchas de sangue e uma lata de tíner, produto inflamável que teria provocado o incêndio. Com as possíveis impressões digitais encontradas na lata, a polícia poderá afirmar se Wagner foi mesmo o autor do ato criminoso.

Coordenador do AfroReggae acusa pastor Marcos Pereira

O fogo atingiu a pousada do grupo e a redação do jornal comunitário "Voz da Comunidade", que funciona no mesmo prédio. O veículo se tornou conhecido em todo o Brasil ao transmitir, em tempo real, pelo Twitter, a ocupação do conjunto de favelas por forças de segurança, em 2010. A perícia identificou também três focos de incêndio no prédio, sendo dois no terceiro andar, e um no primeiro piso. Para José Júnior, coordenador do AfroReggae, o incêndio no prédio não foi um acidente.

"Na verdade é o mesmo inimigo de sempre lançando suas garras. Esse incêndio é um legado do mal. Fui informado de que algumas pessoas foram vistas entrando pelo buraco do ar-condicionado e depois correndo, com o prédio já em chamas. Desde que começamos a fazer denúncias estamos enfrentando problemas. Já fui ameaçado de morte, aconteceram os tiros no dia da Corrida da Paz e tantos outros problemas. Por isso tudo, acho que o incêndio não foi coincidência", disse o coordenador.

Em fevereiro do ano passado, em entrevista ao jornal "Extra", o coordenador do AfroReggae acusou o pastor Marcos Pereira de ser "a mente criminosa" do Rio de Janeiro, responsável pelos ataques ocorridos no Rio, em 2006, logo após a eleição de Sérgio Cabral para governador do estado. O líder religioso foi preso em 7 de maio e responde a processos por dois estupros e coação de testemunha. Sobre a suspeita de envolvimento do pastor no ocorrido, o delegado limitou-se a dizer que as investigações prosseguem, e que a polícia está tentando verificar essas informações.

A pousada do AfroReggae atingida pelo fogo seria inaugurada no dia 5 de agosto. Segundo o coordenador, 80% da parte interna do prédio foram destruídos. O imóvel fazia parte do projeto da ONG para trazer estudantes de outros estados e estrangeiros hospedados no Rio para projetos voluntários. Junior calcula o prejuízo em cerca de R$ 100 mil.

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