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As acusações

O caso veio à tona no dia 16 de outubro, quando o jornal "Diário de São Paulo" publicou uma reportagem em que o padre Júlio Lancelotti afirma ter sido extorquido durante anos pelo ex-detento da Febem (atual Fundação Casa) Andreson Marcos Batista, que o ameaçava de vir a público acusá-lo falsamente de pedofilia.

Os problemas do padre teriam começado em 2001, quando Batista deixou a Febem, onde cumpria medidas socioeducativas por roubo. Lancelotti diz que Batista passou a extorqui-lo ameaçando ir à imprensa acusá-lo de ter abusado sexualmente de seu enteado, de 8 anos. Lancelotti nega qualquer abuso. O padre formalizou as ameaças perante a Polícia Civil em agosto passado.

O religioso disse que Batista de extorqui-lo ao menos R$ 80 mil. Em contra partida, o ex-detento, que foi preso na última sexta-feira, afirmou que nunca extorquiu o padre, mas que recebia dinheiro dele por conta do relacionamento homossexual que ambos mantiveram por cerca de oito anos.

Lancelotti, conhecido internacionalmente por seu papel na luta por direitos humanos, anunciou na segunda-feira que parou de celebrar missas em público na paróquia São Miguel Arcanjo, em São Paulo, enquanto estiver sendo assediado a comentar as denúncias.

Fonte: das agências

São Paulo – A Polícia Civil investiga se parte do dinheiro que o ex-interno Anderson Batista, 25 anos, alega ter recebido do padre Júlio Lancelotti, 58 anos, veio do tráfico de crack e cocaína. Preso na última sexta-feira sob acusação de extorquir dinheiro do religioso, Batista disse à polícia ter recebido do padre Júlio, durante seis anos, de R$ 600 mil a R$ 700 mil. O ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) afirma que o dinheiro era dado pelo religioso em troca de relações sexuais.

O advogado do padre, Luiz Eduardo Greenhalgh, disse no sábado calcular que Lancelotti deu cerca de R$ 150 mil nos últimos três anos, sob ameaças de agressão física e de uma falsa acusação de pedofilia. Foi o padre quem procurou a polícia para denunciar Batista.

A hipótese levantada pelos investigadores que trabalham no inquérito de extorsão é que Batista adotou uma defesa estratégica para "esquentar" valores obtidos com a venda principalmente de crack.

A polícia apura se pelo menos dois pontos-de-venda de drogas, na Penha (zona leste) e na região central, seriam comandados pela mulher de Batista, Conceição Eletério, 44 anos, também presa sob acusação de extorsão contra o padre. Conceição foi presa pelo Departamento de Narcóticos (Denarc) em 1996, acusada de traficar crack no centro.

O advogado Nelson da Costa negou que Batista e Conceição tenham envolvimento com o tráfico. "Só a Conceição teve uma passagem (por tráfico). Aliás, a Conceição foi acusada de tráfico, mas acabou enquadrada como usuária."

Outra extorsão

Além de Batista, o padre Júlio Lancelotti também reclamou à polícia, no início deste ano, estar sendo "incomodado" por outra pessoa, o garoto de programa Marcos José de Lima, 31 anos, que lhe pedia dinheiro.

Assim como havia feito em 2004, o religioso procurou a 1.ª Delegacia Seccional (região central) no fim de janeiro ou começo de fevereiro para relatar estar sendo incomodado por Lima, mas não quis registrar a queixa, segundo a Secretaria de Segurança Pública. De acordo com a polícia, padre Júlio disse que já havia dado dinheiro para Lima, mas queria cessar a doação porque o rapaz estaria pedindo sempre mais e mais dinheiro.

Mesmo sem a queixa formal do padre, a polícia disse ter investigado Lima e, tempo depois, o prendeu portando cocaína na região central de SP. Em depoimento à Justiça em setembro, Lima negou que a droga fosse sua e afirmou que a prisão foi forjada pelos policiais a pedido do padre. Ainda segundo Lima em seu depoimento, ele e o padre mantinham um relacionamento homossexual e, por isso, recebia dinheiro do religioso.

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