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Ponta Grossa – Para diminuir o número de reclamações de motoristas que estacionam o carro na rua, a Polícia Civil de Ponta Grossa resolveu cadastrar todos os flanelinhas que atuam na região central do município. A medida, inédita na cidade e adotada há cerca de dez dias, já começa a surtir seus primeiros efeitos. O número de reclamações sobre a atuação dos guardadores caiu na primeira semana após o cadastro.

De acordo com a polícia, antes do cadastro, a delegacia da região recebia diariamente pelos menos uma ligação de motoristas inconformados com a ação dos flanelinhas. A principal queixa é a ameaça sofrida caso o dono do veículo se recuse a pagar pelo "serviço". Desde terça-feira passada, quando o cadastro foi terminado, não houve ligações com esse tipo de reclamação.

A intenção do cadastro é coibir a ação dos flanelinhas mal-intencionados. Todas as fichas possuem a foto do guardador e informações sobre o local onde atua, endereço residencial, filiação e até mesmo o apelido nas ruas. A polícia contabilizou e cadastrou 30 guardadores de carros que atuam no Centro, de onde vinha o maior volume de reclamações. Desses, 25% tinham passagem pela polícia por furtos, lesões ou brigas. Segundo o superintendente da 13.ª Delegacia de Polícia de Ponta Grossa, Luiz Bielik, o cadastro é uma medida preventiva contra eventuais ameaças e extorsões. "Com o cadastro, temos condição de saber quem ameaçou o motorista, onde e como encontra-lo", diz.

A medida agradou a todos, incluindo os fanelinhas. Para os bem-intencionados representa até uma medida de segurança. Há 12 anos, Adilson Rocio de Freitas, 28 anos, cuida dos carros que são estacionados em frente à igreja Sagrado Coração de Jesus, na Praça Barão de Guaraúna, bem no centro da cidade, e afirma que sempre teve de conviver com a "concorrência" desonesta. A semana de trabalho (com uma jornada diária de 15 horas) rende R$ 50 a Freitas.

Ele confirmou a existência de guardadores de carros no Centro da cidade que ameaçam caso o motorista não pague a quantidade que eles julgam correta. Ele diz que quando o motorista ao estacionar o carro acena negativamente ao "quer que cuide tio", pode encontrar o carro arranhado ou o pneu furado. "Tem uns (flanelinhas) que quando o motorista não paga, marcam a placa do carro e quando encontram na rua, riscam, arrombam para roubar", disse Freitas.

O superintendente Bielik afirmou que o bico aparentemente inofensivo pode se caracterizar crime de ameaça e extorsão, previsto no Código Penal. A partir do cadastro, o flanelinha que ameaçar ou coagir o motorista vai responder pelos crimes e pode ser preso. Mas isso só poderá ser feito quando a vítima fizer a denúncia na delegacia, pois lá poderá reconhecer o guardador através das fotos anexadas às fichas.

Números

30 flanelinhasque atuam na região central já foram cadastrados pela polícia.

25% dos cadastradostinham passagem pela polícia por furtos, lesões ou brigas.

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