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Blindados transitam em meio ao lixo na rua: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Manguinhos é um dos piores do Rio | Sergio Moraes / Reuters
Blindados transitam em meio ao lixo na rua: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Manguinhos é um dos piores do Rio| Foto: Sergio Moraes / Reuters

Abandono

Deparar-se com lixo em ruas das comunidades era comum

Agências Estado e O Globo

A quantidade de lixo espalhada pelas ruas e vielas do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho chamou a atenção das forças de segurança e da imprensa que acompanhou a operação. Dados do Censo de 2010, do IBGE, revelam que 10,8% dos domicílios queimavam, enterravam ou jogavam em terreno baldio ou no rio seus resíduos – a pior situação entre todos os bairros do Rio de Janeiro. No Jacarezinho, 4,9% dos imóveis não tinham coleta de lixo.

Outra problema é a falta de coleta de esgoto. Em Manguinhos, 6% dos domicílios jogam seus dejetos em vala, no rio e nem sequer têm acesso à rede de esgoto. No Jacarezinho, o índice não chega a 1%. Após a ocupação, funcionários da prefeitura iniciaram a limpeza das ruas.

De acordo com o IBGE, o Jacarezinho tem 37,8 mil moradores e Manguinhos, 36,1 mil. Juntas, as comunidades ocupadas fazem fronteira com oito bairros. Dados preliminares de pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indicam que a taxa de gravidez entre adolescentes de 15 a 19 anos chega a 9,3% em Manguinhos.

A maioria da população não tem ensino fundamental completo. Apenas entre os jovens com idade média de 19 anos, essa taxa chega a cerca de 50%. Dos entrevistados, 90% têm telefone celular, 73% usam máquina de lavar ou tanquinho e 50% têm computador.

  • Hasteamento das bandeiras simbolizou a ocupação oficial

As favelas de Manguinhos, Jacarezinho, Mandela e Varginha, na zona norte do Rio de Janeiro, foram ocupadas pelas forças de segurança na manhã de ontem. Até o fim do ano, a região, que abriga a maior cracolândia do Rio, deverá sediar a 29.ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da cidade, em janeiro de 2013.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, a ocupação foi efetivada em apenas 20 minutos, sem disparo de nenhum tiro nem ameaça de confronto entre policiais e traficantes. Cerca de 2 mil homens, entre policiais militares, civis e rodoviários federais, além de fuzileiros navais, participaram da operação. "Se Deus quiser, não teremos mais uma Faixa de Gaza", disse o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, sobre a violência na região.

Às 4h45 da madrugada, os blindados da Marinha partiram em direção às favelas. Os fuzileiros navais abriram caminho derrubando as barreiras de concreto colocadas por traficantes nas principais vias de acesso às comunidades. Em seguida, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM ocuparam Manguinhos, Mandela 1 e 2 e Varginha. O Jacarezinho foi tomado pela Polícia Civil. Três helicópteros deram apoio à operação, com voos rasantes e atiradores de elite.

No Jacarezinho, traficantes tentaram impedir a entrada da polícia ateando fogo a sofás, pedaços de madeira e lixo na via férrea que corta a favela. Os bandidos também soltaram rojões e fogos de artifício, mas não houve confronto. Num dos acessos à favela de Manguinhos, policiais do Bope explodiram uma barricada de concreto e uma retroescavadeira recolheu os destroços.

Usuários de droga

Após o início da ocupação, agentes da Secretaria de Assistência Social da prefeitura acolheram 104 pessoas, a maioria usuários de crack. Às 10h30, foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do estado do Rio em uma praça de Manguinhos. "É um marco simbólico para os moradores, que até então viviam sob o jugo do tráfico. Queremos trazer para essas pessoas o que está escrito na nossa bandeira: ordem e progresso", disse o tenente-coronel Renê Alonso, comandante do Bope.

O governador Sérgio Cabral anunciou a construção de 9 mil apartamentos na região do programa Minha Casa, Minha Vida.

Chefe do tráfico e mais três são presos na ação

Folhapress

Quatro pessoas suspeitas de ligação com o tráfico de drogas foram presas durante a ocupação das favelas. Entre eles, segundo a polícia, está um dos chefes do tráfico da região. De acordo com balanço divulgado pela Secretaria de Segurança do Rio, Márcio Ferreira Thiago, que foi preso à tarde, seria o chefe do tráfico de drogas da favela Faz Quem Quer, em Rocha Miranda.

Conhecido como "Marci­nho do Faz Quem Quer" ou "MC", ele tem sete mandados de prisão expedidos pela Justiça. A prisão foi feita por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis.

Já os policiais da 21.ª Dele­gacia de Polícia (DP), que também atuaram na operação, prenderam em Todos os Santos (zona norte) Guilherme Silva dos Santos, conhecido como Dentinho. Ele é apontado como segurança do traficante Diego de Souza Feitosa, o "DG", que foi resgatado por traficantes de uma cela da 25.ª DP do Engenho Novo (zona Norte), em julho. Contra ele havia um mandado de tráfico de drogas na comunidade do Mandela.

Outros dois criminosos procurados pela Justiça foram presos pela Polícia Militar no Complexo de Manguinhos: Magno Viana Batalha, que tinha mandado de prisão por assassinato; e José Salustiano da Silva, condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico, detido na comunidade da Mandela.

Ainda de acordo com o ba­­lanço da secretaria, foram apreendidos uma submetralhadora, dois revólveres, uma pistola, duas granadas, 666 trouxinhas e 13 tabletes de maconha, 10 quilos de pasta base de cocaína; e quatro quilos de cocaína.

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