A diretora da escola Liceu de Humanidades, em Campos, na Região Norte Fluminense, prestou depoimento nesta sexta-feira (16), na 134ª DP (Campos). Segundo o delegado Oscar de Sá Alves, titular da delegacia, Celina Mateus Barbosa falou sobre a instalação de câmeras de segurança nos banheiros da instituição de ensino.
Uma aluna do colégio desconfiou que estava sendo gravada dentro do banheiro e filmou o equipamento. A instalação das câmeras provocou reação de pais de alunos. Imagens do próprio circuito interno de segurança da escola mostram o momento em que a adolescente se aproxima para gravar.
Segundo a polícia, em depoimento, a diretora afirmou que 29 câmeras estão espalhadas pelo colégio há mais de cinco anos e que as do banheiro estão direcionadas ao lavabo e não aos sanitários. Ela informou, ainda, que a escola tem dois vestiários, onde não têm câmeras, e que o banheiro é apropriado para a troca de roupa.
O delegado Oscar de Sá Alves disse que duas câmeras que estavam instaladas nos banheiros e um CD com imagens gravadas foram apreendidos e encaminhados para a perícia. A adolescente que descobriu os equipamentos e a mãe também serão ouvidas.
Ainda de acordo com o delegado, se comprovada a culpa da escola, os responsáveis serão atuados de acordo com o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por constrangimento de criança ou adolescente sob a guarda ou vigilância.
Secretaria manda retirar equipamentosUm dia depois de divulgadas imagens que mostram uma câmera colocada no banheiro de uma escola, a Secretaria estadual de Educação mandou a direção do colégio retirar os equipamentos do local: "Não deviam nem ter colocado câmera no banheiro das meninas", reclama uma aluna.
"Pediram para eu tirar, eu tirei", afirmou, na época, a diretora Celina Mateus Barbosa, que alegou que o equipamento servia para evitar atos de vandalismo. Apesar de as câmeras terem sido instaladas sem a autorização da secretaria, a direção ainda não recebeu nenhuma punição. Mas a secretaria abriu sindicância para apurar o caso.
As imagens
A câmera foi descoberta depois que uma estudante desconfiou que estaria sendo filmada e encontrou o equipamento numa "caixinha" branca colocada no banheiro há duas semanas. Ela resolveu mexer, filmou tudo e levou o vídeo para a mãe ver em casa. A mãe procurou o Ministério Público.
"O mundo virtual está muito rápido. As coisas que acontecem hoje, hoje mesmo já estão na internet. E se acontece de alguma dessas imagens cair na internet?", explica a mãe
A direção alega que, como a câmera ficava fora dos boxes do banheiro, não feria a privacidade dos alunos. "Quando acontece alguma coisa, a gente usa o tempo exato da câmera para saber quem foi o autor. Ninguém fica aqui o dia todo olhando câmera", explicou Celina Mateus.
OAB condena atitude da escolaA Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenou a atitude da escola. "Isso fere a privacidade desses estudantes. Isso fere inclusive a honra", disse Wadih Damous, presidente da OAB-RJ.
A Secretaria estadual de Educação informou que a instalação dos equipamentos foi uma decisão isolada da direção da escola e que repudia qualquer prática que possa tirar a privacidade dos alunos.
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