Brasília A Polícia Federal abre nesta semana a nova etapa do inquérito sobre o dossiê Vedoin com um cerco sobre dirigentes petistas e pessoas muito próximas do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusadas de participação na farsa para prejudicar candidaturas tucanas. Mas uma linha de investigação também alcançará nomes da oposição sob suspeita de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.
Um deles, o empresário Abel Pereira, presta depoimento amanhã, a partir das 9 horas, na Superintendência da PF em Cuiabá. Ele é acusado de intermediar a compra de ambulâncias com recursos provenientes de emendas de parlamentares na gestão do ex-ministro da Saúde, Barjas Negri (PSDB), hoje prefeito de Piracicaba. Negri e Pereira negam a acusação e vêem nela uma manobra para dispersar o objetivo do inquérito.
Esclarecimentos
A investigação terá como foco principal descobrir a origem do dinheiro R$ 1,75 milhão usado na compra do dossiê e todas pistas apontam para dirigentes petistas. No relatório final da primeira etapa do inquérito, entregue à Justiça Federal na sexta-feira, o delegado Diógenes Curado cita o senador petista Aloízio Mercadante, candidato derrotado ao governo de São Paulo, como nome certo para prestar depoimento.
Em razão de contradições na primeira fase do inquérito, estão listados para prestar novo depoimento os petistas Jorge Lorenzetti, chefe da inteligência da campanha eleitoral de Lula, chamada "Abin do PT", Gedimar Passos, preso em 15 de setembro com parte do dinheiro e Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloízio Mercadante ao governo de São Paulo, principal beneficiário do dossiê.
Nas entrelinhas do relatório, o delegado deixa aberto o caminho para alcançar outros alvos potenciais petistas, que devem vir à tona com o aprofundamento das investigações. Entre est-ses, está o ex-assessor especial do gabinete presidencial Freud Godoy.
Outros nomes
O Ministério Público, que acompanha as investigações, desconfia que estivessem tramando álibis para tirar a crise para longe do Palácio do Planalto e blindar a candidatura de Lula. Outros nomes devem emergir da investigação. Um deles é o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado pelo ministério público como mentor do mensalão. Dirceu ligou para Lorenzetti dias antes da prisão de Gedimar e de outro petista, Valdebran Padilha, com o dinheiro, num hotel de São Paulo.
Fruto da primeira fase do inquérito, oito petistas são acusados de envolvimento direto com a operação, apelidada de "tabajara", montada por membros do PT, para negociação do dossiê junto à família Vedoin, levantamento de fundos e difusão do material na imprensa.
A PF espera também concluir o cruzamento do rastreamento feito em 800 linhas telefônicas com as outras provas do inquérito. Já se sabe que a origem do dinheiro era ilegal e foi amealhada junto a um pool de doadores, que inclui empresários do eixo RioSão Paulo, doleiros especializados em caixa 2 para partidos políticos e até bicheiros.
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